10 de setembro, Dia Mundial da Prevenção do Suicídio: é preciso valorizar a vida

Por Ionice Lourenço e Lúcio Mário Silva*

Neste dia relevante para a prevenção do suicídio no Brasil e no Mundo, infelizmente nos deparamos com alta crescente do suicídio e as tentativas. Por isso, convidamos você a refletir sobre o tema, que é um problema de saúde pública, onde estudiosos sugerem vivermos uma epidemia silenciosa e velada, reforçada pelo grande tabu, que é falar sobre esse fenômeno.

Convocamos vocês a refletir sobre a valorização da vida, aliás, já iniciamos com algumas perguntas: como está sendo sua vida e o que você está fazendo com ela? E suas atividades sociais? E a vida profissional? E como anda sua família? Você tem reservado um tempo para si?

Valorizacao da vida

A poetisa Cora Coralina em “Saber Viver” nos convida a reflexão sobre o viver:

“Não sei… se a vida é curta
ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:

Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
Mas que seja intensa,
verdadeira, pura…
Enquanto durar”

Através desse poema percebemos as sutilezas do que é o viver. O sentido que podemos dar, e nesse sentido, ampliar a valorização da vida.

Valorizar a vida está diretamente ligado à saúde emocional. Descobrimos muitas vezes isso quando a tristeza nos bate a porta, se tornando permanente e em muitos casos profunda. Precisamos olhar para dentro e nos perguntar sobre que vida estamos levando.

É importante conectar-se consigo mesmos para criar conexões com o mundo, criar redes, numa teia de apoio. Quando não for possível, é preciso buscar ajuda de amigos, familiares, colegas de trabalho e às vezes buscar essa ajuda através de um profissional de saúde emocional como psicólogo(a), psiquiatra ou psicanalista.

Interessante que em nossa sociedade não valorizamos esses profissionais. Crescemos e aprendemos que esses profissionais são para “loucos”. Vamos ao cardiologista cuidar do coração, ao ortopedista, ao dentista e etc. Mas quando adoecemos emocionalmente, a crença construída desde a infância nos trava e essa crença é reforçada com o preconceito, estigmatizando esses profissionais e acentuando o adoecimento, que em muitos casos pode deixar a vida sem sentido, sem esperança e difícil de continuar.

O conceituado psicanalista britânico Donald W. Winnicott nos ensina que: “O pior paciente não é o que mais sofre, mas aquele que não tem esperança”. Neste sentido, refazer dentro de você a crença de quem busca ajuda é “louco”, é importante salientar, que esta “loucura” pode está em morrer aos poucos pelo sofrimento, pela falta de esperança, quando é possível através da ajuda profissional, reviver, ressignificar sua história, e possibilitar novas formas e modos de viver.

A valorização da vida deve ser uma constante em nossa caminhada existencial, mas o mês de setembro é um mês de maior reflexão com diversas atividades para a importância sobre esse cuidado consigo e com o outro através da empatia, das reflexões sobre nosso existir humano.

Para finalizarmos, gostaríamos de lembrar que buscar ajuda também é buscar o outro, esse que pode está ao nosso lado e muitas vezes não percebemos, ele (a) poderá ajudar quando o pedido for verbalizado, não permanecendo no silêncio e na solidão.

O psicoterapeuta existencial, Valdemar Augusto Angerami, em seu livro chamado “Solidão”, nos convida a uma reflexão, “Somos ligados uns aos outros como filetes de água, conjuntamente formando um grande rio”, portanto, buscar ajuda não significa um ato de fraqueza, mas um cuidado com seu próprio bem estar.

Olhe para você com cuidado especial, valorize sua vida, não permitindo que o imediatismo e a pressa dos dias atuais roube sua vida. E que você possa fazer parte do conjunto deste rio.

*Ionice A. Lourenço (CRP 06/112.412) e Lúcio Mário Silva (CRP 06/120.628)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.