Era por volta das 22h e 10 minutos quando as luzes da Câmara Municipal de Taboão da Serra piscaram a primeira vez. Segundos depois a luz se apagou totalmente. A sessão já havia acabado, mas alguns vereadores ainda estavam em plenário conversando.
Na rua os parlamentares constataram o apagão total nas proximidades da câmara. “Não tem luz em casa”, recebeu a informação por telefone um dos vereadores.
A padaria, em frente, não havia luz. Nos prédios ao fundo, não havia luz. A esquerda, não havia luz. À direita, também não.
Minutos depois os primeiros veículos do departamento de trânsito de Taboão da Serra entraram em ação.
Proibiram cruzar a Rodovia Régis Bittencourt para evitar acidentes. Fitas e apitos para controlar o trânsito.
Na delegacia tudo apagado. Luzes apenas dos carros da guarda municipal. Os boletins de ocorrências foram paralisados. Dois jovens, acusados de estarem colando cartazes em postes, aguardavam sentados na entrada da delegacia.
Sem telefone. Sem nada.
As viaturas ficaram sem comunicação.
Uma viatura teve que se deslocar até a Seccional para levar as estatísticas do dia. Não foi possível passar via fax, email ou telefone. Nada funcionava.
Um dos investigadores destacava: “Aqui é o lugar mais seguro neste momento”.
A poucos metros dali a sede da prefeitura: apagada.
No Pronto Socorro Dr. Akira Tada o atendimento parou. Muitos aguardavam sentados nas cadeiras da recepção. Um lampião clareava os corredores. Pra lá e pra cá. Os celulares também serviam para iluminar o caminho das enfermeiras.
Não podiam fazer nada.
Sem gerador. Sem energia. O Raio-x parou.
Por volta das 23h25 uma mãe chega com o filho em crise de bronquite. Vinha de outro PS que também não tinha energia. Nem gerador.
Não foi atendida. Esbravejou e foi embora.
Muitos foram dormir sem saber os motivos do apagão. Amanheceram com luz. Foram informados que mais de 10 Estados tiveram o mesmo problema. Até o Paraguai apagou.
Por enquanto a única conclusão: Itaipu parou. E nós apagamos.
Por Allan dos Reis
