Em entrevista, ex-petista Macário diz por que se filiou no PSDB e critica o PT de Taboão

Por Allan dos Reis, da redação

O ex-vereador e presidente da Câmara de Taboão da Serra, José Macário dos Santos Filho, que havia deixado o Partido dos Trabalhadores (PT) no mês de junho – após 12 anos de filiação – assinou neste domingo (25) a ficha de filiação no PSDB, partido do prefeito Fernando Fernandes.

Fernando Fernandes discursa durante filiação no PSDB do ex-petista José Macário (Foto: Reprodução)
Fernando Fernandes discursa durante filiação no PSDB do ex-petista José Macário (Foto: Reprodução)

Mais do que simpatia política, a mudança de sigla tem como objetivo principal reconquistar uma das 13 cadeiras nas eleições de 2016. Na eleição passada, em 2012, época em que ainda presidia a Câmara, ele teve 1.952, e – apesar de ter sido o décimo mais votado – não se elegeu porque faltaram alguns votos em sua coligação. Ele também acusa os “companheiros” do PT do município o boicotavam.

“Está muito difícil escolher um partido que realmente você vai trabalhar e ele dê oportunidades para você mostrar o seu trabalho. Esse foi o motivo de ter saído do PT de Taboão da Serra. O companheirismo se tornou adversário. […] Tinha que me filiar em algum partido. E não adianta a gente não fazer conta. E na passada não fiz e acabei ficando fora. Desta vez eu fiz. Nunca falei mal do PSDB. É um partido que em Taboão da Serra mostrou serviço. O Fernando é prefeito pelo terceiro mandato e conseguiu fazer mais coisas do que os outros”, revelou Macário, em entrevista ao Taboão em Foco por telefone.

A relação entre Macário e outros petistas nunca foi amena. Durante estadia da presidenta Dilma para visitar um amigo em Taboão, ele bateu boca com um petista em frente ao estádio municipal. (Foto: Adilson Oliveira / Arquivo)
A relação entre Macário e outros petistas nunca foi amena. Durante estadia da presidenta Dilma para visitar um amigo em Taboão, ele bateu boca com um petista em frente ao estádio municipal. (Foto: Adilson Oliveira / Arquivo)

Durante os dois anos na presidência [2011/2012], Macário era contestado por muitos filiados por sua atuação. Numa delas em 2011, durante a votação que alterava o plano diretor, alguns militantes ameaçavam. “A gente vai te cobrar lá na reunião do partido”. Durante a visita da presidente Dilma, o então presidente bateu boca na frente do estádio enquanto com outro filiado.

A ficha de filiação foi abonada pelo prefeito Fernando Fernandes, que comemorou a chegada do novo tucano. Além dos elogios, o mandatário afirma que o mesmo faz falta na Câmara Municipal.

“Eu estou muito feliz por ter você e o seu grupo fazendo política do nosso lado. O Macário quando foi conversar comigo, não me pediu dinheiro, não me pediu cargos, não houve essa conversa. A conversa que tratamos foi de projetos ligados a essa região. […] Nós temos essa responsabilidade, de fazer com que o Macário volte a Câmara Municipal. Vocês viram que ele fez falta, ou não fez?, Não estou falando mal de ninguém, acho que todos trabalham, mas o Macário era uma voz maior para lutar por todos nessa região”, discursou Fernandes.

QUASE VICE

Segundo Fernandes, o ex-vereador Macário poderia ter sido o candidato a vice-prefeito nas eleições de 2012. “O Macário não poderia ficar no PT e ele iria para o PMDB e seria o meu vice. A bola estava na marca do pênalti sem goleiro, mas o juiz faltou. Por algumas circunstancia e problema jurídico, isso não acabou acontecendo”, revelou.

CONFIRA A ENTREVISTA COM MACÁRIO

1) Por que você escolheu o PSDB e qual o seu grande desafio?

– Eu acho que nem é questão de escolha. Hoje realmente está muito difícil escolher um partido que realmente você vai trabalhar e ele dê oportunidades para você mostrar o seu trabalho. Esse foi o motivo de ter saído do PT de Taboão da Serra. O companheirismo se tornou adversário. Quando a gente começou a projetar o nosso nome para crescer politicamente na cidade, eu percebi que as pessoas ficavam com inveja. Não reconheciam o meu trabalho. Fui vereador e presidente da Câmara pelo PT, coisa que nunca o partido conseguiu na cidade, e eles falavam que tinham me dado legenda. E lógico, tinha que me filiar em algum partido. E não adianta a gente não fazer conta. E na passada não fiz e acabei ficando fora. Desta vez eu fiz. Nunca falei mal do PSDB. É um partido que em Taboão da Serra mostrou serviço. O Fernando é prefeito pelo terceiro mandato e conseguiu fazer mais coisas do que os outros. E está mantendo a cidade com obras novas. Como a Arena Multiuso, as escolas já inauguradas, o parque linear do Parque Pinheiros, Poupatempo, melhorando os postos de saúde. Pela crise que o país se encontra, a administração dele está bem avaliada. Muita gente falava que o governo dele estava ruim, mas o trabalho só aparece depois de dois ou três anos.

2) Essa mudança para o maior adversário do PT não foi muito brusca?

– Não! Eu não considero uma mudança brusca. Até porque as pessoas falam em ideologia, mas o que significa hoje a ideologia do PT?…

3) Como ex-filiado, qual é essa ideologia?

– Então, eu uma pergunta que me faço. Porque um cidadão como eu, que ficou muitos anos no PT, fui vereador e presidente da Câmara. Qual a valorização que tive dos companheiros na cidade? Nenhuma. A ideologia é servir de cavalo de tróia? É entrar no partido e ser boicotado e sem valor? E não é isso que vejo acontecer nos outros partidos que o partido acaba incentivando quem se destaca. A ideologia é fazer as coisas certas, primar pela verdade, prometer uma coisa e cumprir. A sigla não quer dizer nada. O PSDB, o DEM ou qualquer partido. Eu me dou bem com todos os políticos. Agora, a maioria dos petistas fazem política com o fígado. E isso é muito ruim para construir.

Macário e o ex-presidente Lula durante comício em 2014. (Foto: Reprodução)
Macário e o ex-presidente Lula durante comício em 2014. (Foto: Reprodução)

4) Você sempre foi admirador do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma. Agora no PSDB, muda alguma coisa?

– Eu acho que o Lula foi um grande presidente. A Dilma foi uma grande presidenta também, agora no final do segundo [primeiro] mandato dela, aconteceram muitas coisas. Na verdade veio a tona muitas coisas que se fazia no governo do PT acabou sendo descoberto. E eu acho que isso tira um pouco da credibilidade do presidente Lula e da Dilma. É verdade que eles construíram e fizeram algumas coisas pelo Brasil. Mas quando você vai ver a questão da administração, a gente vê que pesou um pouco. Infelizmente que está na linha de frente, o majoritário, ele tem que ficar 24h de olho aberto. Tem pessoas no governo que só querem tirar proveito. […] Eu nunca critiquei o Governo Fernando Fernandes. Se eu tivesse falado mal do PSDB como é que eu iria justificar isso para o povo.

5) O senhor chegou a conversar com o também pré-candidato Aprígio recentemente. O que pesou na hora da escolha?

– Muita gente em Taboão da Serra gosta e admira muito o senhor Aprígio, que é um grande empresário e trabalhador. Tem compromisso e responsabilidade. Mas na política você tem que ter time. Eu falei muito isso para ele. No dia em que me projetar para ser candidato a prefeito de Taboão da Serra, vou montar meu time dois ou três anos antes da eleição. Você precisa ter um grupo de admirador e apoiador. O Aprígio é um cara muito legal, um boa pessoa, mas politicamente – essa é uma expressão minha – ele tem que mudar um pouco. O ritmo de conversar com as pessoas, de falar de tudo. Ele não conseguiu aquela expressão que o político deve ter.

Eu conversei com o Evilásio também, mas ele passa pela mesma situação. Ele não tinha e acho que não tem time para disputar as eleições. E não sei se vai conseguir fazer. Não posso disputar uma eleição por disputar. Quem decide é o grupo que achou que deveríamos apoiar o Fernando Fernandes. Tem um ditado que diz: a voz do povo é a voz de Deus. Então vamos com a voz do povo.

6) E hoje a voz do povo é PSDB?

– É PSDB. É quarenta e cinco.

 

 

 

0 comentário em “Em entrevista, ex-petista Macário diz por que se filiou no PSDB e critica o PT de Taboão”

  1. Quem disse:
    “Politico tem que ganhar bem para não roubar”

    Caro jornalista, Allan, publique por favor, nós cidadãos estamos de olho.

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