Mil famílias acampadas esperam revogação de liminar em reunião entre CDHU, prefeitura e Judiciário em Embu

Cerca de mil famílias ligadas ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) que estão acampadas em um terreno da mata do Roque Valente, entre o Parque Pirajuçara e o Jardim Santa Tereza, em Embu das Artes, esperam a revogação da decisão judicial que impede a construção de moradias no local como resultado da reunião entre o presidente da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano) – proprietária da área –, Antonio Carlos Amaral, o prefeito Chico Brito (PT) e o Judiciário, nesta segunda-feira, dia 5, no Fórum da cidade.

A coordenação do MTST diz que 30% da área de 450 mil metros quadrados já foi desmatada e quer que a porção sem vegetação seja destinada para programa de habitação popular, enquanto entidades ambientalistas exigem o local integral como parque ecológico. De acordo com o movimento, a CDHU já tem elaborado um projeto de ocupação para a área, que não pode ser executado, porém, por causa de liminar assinada pela juíza da 3ª Vara da Justiça do município, Denise Cavalcanti Martins, que impede a construção de moradias no local.

Mulheres no acampamento do MTST em Embu das Artes (Foto: Adilson Oliveira)

“Queremos que a juíza reveja a posição de acatar a ação de ambientalistas só interessados em preservar alguns pés de alface”, ironizou a líder do MTST Vanessa de Souza, 29, que coordena o acampamento, ao lembrar que em uma audiência pública três anos atrás uma ambientalista declarou “Eu prefiro mil vezes pé de alface naquele terreno do que construção de casas”. “Se não sair nenhuma liminar, ficamos aqui. Se acontecer reintegração de posse, a ordem é resistir”, afirmou Vanessa ao Taboão em Foco na noite deste domingo, no acampamento.

A ocupação do “Novo Pinheirinho do Embu”, como batizado o acampamento – em protesto contra a desocupação da favela do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP) –, começou à 0h de sábado, dia 3, inicialmente com 800 famílias. No início da tarde, representantes da CDHU chegaram à área com PMs da tropa de choque com a disposição de despejar os sem-teto “sem qualquer ordem judicial”, de acordo com o MTST. O movimento resistiu e forçou a realização de uma reunião, durante a qual o efetivo policial recuou da área e aguardou no 36º Batalhão.

Da reunião, que ocorreu na escola municipal Valdelice Prass, vizinha ao local, participaram Amaral, presidente da CDHU, e o prefeito Chico, além do MTST. Ambos afirmaram o interesse de construção de 1.200 moradias para atendimento das famílias organizadas pelo movimento, com prioridade para as famílias da região de Embu. Depois, em assembleia no campo de futebol da área – na Rua Indianópolis –, tanto o presidente do órgão estadual quanto o prefeito do município reafirmaram, diante de cerca de 700 pessoas, a intenção de construir as casas.

Por Adilson Oliveira

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