PM de Taboão é investigada por ‘arredondar’ assassinato

Do Diário de S.Paulo

Policiais militares são suspeitos de simular um latrocínio para ocultar a execução do cozinheiro Josué Lima dos Santos, 30 anos. O autor do assassinato é o ex-PM Antonio Santana Reis, 41 anos. Investigações apontam que a viatura chamada para atender o local do homicídio levou mais de oito horas para apresentar a ocorrência na delegacia e a vítima demorou a ser socorrida.

Josué saiu para comprar pão por volta das 9h de quinta-feira em um supermercado no Jardim Satélite, em Taboão da Serra, Grande São Paulo. Segundo testemunhas, ele e o ex-PM, responsável pela segurança do estabelecimento, começaram a discutir.  Josué teria dito que não queria confusão e foi embora. Quando subia na moto, dizem os depoimentos, foi atingido pelas costas por dois tiros disparados por Reis. Não foi essa a história apresentada por PMs do 36º Batalhão no 1º DP de Taboão da Serra. O boletim de ocorrência diz que Josué foi baleado em uma tentativa de assalto. O criminoso teria fugido sem levar nada.

“Vamos investigar se houve facilitação por parte dos PMs que atenderam a ocorrência. A história está torta”, confirma o delegado seccional Maurício Guimarães Soares. Ele também quer explicações sobre a demora no registrado da ocorrência. Outra dúvida a ser esclarecida é por que o socorro foi prestado por uma viatura e não pelo Samu. Josué morreu na sala de cirurgia.

“Fizeram de tudo para omitir as circunstâncias em que ele foi morto. Demoraram mais de 40 minutos para socorrê-lo porque não queriam que sobrevivesse para contar como tudo aconteceu”, diz Nilson Batista Moreira, irmão da vítima.

FURTO DE CARNE

Na delegacia, funcionários do mercado chegaram a dizer que Josué tentou furtar um quilo de carne. A história é contestada pela família. “Por que um pai de família, com emprego fixo e todas as contas pagas, faria isso? É fácil dizer que ele era bandido para justificar o erro da polícia”, questiona o irmão.

Reis foi expulso da Polícia Militar em 2008 por apropriação indébita. Mesmo assim, andava armado e costumava dizer que estava de licença da corporação. Antes de sua expulsão, trabalhava no 25º Batalhão, unidade com área de atuação vizinha ao local onde os PMs que atenderam o caso estão locados. Josué trabalhava em uma esfiharia no Centro da capital. Era casado e pai de duas meninas, de 2 e 6 anos. A Polícia Civil pediu a prisão temporária de Reis e, até a noite desta sexta-feira, ele não tinha sido preso. A Corregedoria da Polícia Militar e o Comando da PM na Grande São Paulo acompanham as investigações.

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