‘Quero fazer um grande governo’, afirma Fernando, que anuncia criar secretaria de meio ambiente

Adilson Oliveira, no Jardim Clementino, em Taboão da Serra 

O prefeito eleito de Taboão da Serra, Fernando Fernandes (PSDB), reafirma que vai revisar o aumento do IPTU e diz que criará a Secretaria do Meio Ambiente, em entrevista exclusiva ao Taboão em Foco, na noite deste domingo, dia 7, logo após a apuração das urnas. “Quero fazer um grande governo”, declara Fernando, que elege como prioridade da gestão a saúde. “A nossa intenção é já no primeiro ano mudar o perfil da saúde.”

Fernando atribui a vitória, que diz ter sido “suada” – apesar da diferença de quase 35 mil votos para Aprígio (PSB) –, a um “grupo que se manteve na oposição”, mas que aproveitou a “hora” em que o governo Evilásio Farias, que lançou o vereador à sucessão municipal, sofreu desgaste, principalmente com a alta do IPTU. “Fomos reconhecidos como candidatos da oposição. Isso teve uma influência muito grande”, avalia.

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Taboão em Foco – Como o sr. define essa vitória?

Fernando Fernandes – É uma vitória pela qual vínhamos trabalhando há oito anos. O grande mérito do nosso grupo foi ter se mantido na oposição durante todo esse tempo, e na hora que o governo [Evilásio Farias, com apoio do candidato Aprígio] ficou mal, nós fomos reconhecidos como candidatos da oposição. Isso teve uma influência muito grande. Tivemos um grupo coeso, candidatos a vereador e companheiros que trabalharam muito. Foi uma vitória suada, não foi fácil, não.

TF – O sr. disse, no discurso da vitória, que Taboão foi construída com contribuição de vários prefeitos valorosos e, em tom de desabafo, que o atual prefeito não reconhece o trabalho que o sr. realizou…

Fernando – Não foi ele. Foi um panfleto que distribuíram nesta semana, se não me engano, do PT, falando que Taboão não podia retroceder, [com] Armando Andrade, [Vicente] Buscarini, Fernando Fernandes e, inclusive, Evilásio, não reconhecendo o trabalho que cada um fez pela cidade. E cometendo uma grande injustiça com Evilásio, eles que foram vice dele durante oito anos.

TF – O sr. disse ainda que fará um governo sem olhar pelo retrovisor…

Fernando – Se tenho algum ressentimento do Evilásio, é por ele ter ficado quatro anos e mais alguns anos deste último mandato falando mal de mim. Criticar a administração, tudo bem, mas contar mentira, não: falar que eu era o dono do shopping, que o shopping não pagava IPTU. Isso foi maldade. Eu não faço esse tipo de maldade e não vou fazer.

TF – O que a população pode esperar de um novo governo do sr., que já foi prefeito por duas vezes?

Fernando – Eu atingi um grau de amadurecimento interessante. Estou com 60 anos, tive uma experiência em São Paulo como subprefeito [de Cidade Ademar, zona sul] e agora no governo do Estado, na Secretaria de Transportes Metropolitanos. Experiências que me ensinaram, aprimoraram meu conhecimento sobre administração pública. Acho que estou muito bem preparado, estou numa fase muito boa da minha vida, com muita vontade de trabalhar. E quero fazer um grande governo, de muito trabalho, em que a cidade tenha um crescimento econômico bastante grande. Taboão precisa crescer economicamente cada vez mais, junto com a população, que continua crescendo, para transformar riqueza econômica em riqueza social.

TF – O sr. pensa em mexer em secretarias? Criar ou extinguir?

Fernando – Tem uma secretaria que eu quero criar, a de Meio Ambiente. O meio ambiente é um tema moderno, mais em pauta, temos que ter atenção com o meio ambiente. Em relação a outras, vou chegar e ver primeiro, conhecer. Não gosto de fazer ilação, dizer “vou acabar com isso”, quero ver antes o papel delas para a administração pública. O que for bom para a cidade, manterei. Agora, se eu puder fazer algum rearranjo e economizar recursos financeiros para poder fazer outras coisas, com certeza, farei.

TF – Quem assumirá a secretaria?

Fernando – Não tenho nome ainda, honestamente. Mas na cidade deve ter gente competente para assumir essa pasta, com certeza. Vamos procurar um nome e logo, logo anunciar… Logo, logo, não… Em 1º de janeiro [de 2013] vamos anunciar o nosso secretariado.

TF – Agora eleito prefeito, o que o sr. pode falar para as pessoas que têm reclamação contra aumento do IPTU, recorrente na cidade?

Fernando – Vamos convocar a Câmara Municipal, vou pedir o apoio da nossa Câmara – já temos a maioria, com sete vereadores [da coligação eleitos], mas preciso dos outros –, e vamos fazer a revisão do IPTU. Se precisar, inclusive, vamos entrar judicialmente. Acho que essa foi a grande injustiça cometida contra a população de Taboão em sua história. Hoje temos milhares de famílias desesperadas porque não conseguiram pagar seu IPTU.

TF – Esse ponto vai simbolizar a guinada do governo do sr. em relação ao atual? Aproveitando, que avaliação o sr. faz do governo Evilásio?

Fernando – Não é questão de guinada. Eu tenho uma visão em relação a impostos, o IPTU, por exemplo, de que não se deve aumentar. Receitas saudáveis são aquelas decorrentes do crescimento da cidade, ou seja, ISS [Imposto sobre Serviços], ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], FMP [Fundo de Participação dos Municípios]. Agora, IPTU é uma taxa condominial, que é para ter para manutenção da cidade, e não para aumentar o orçamento e fazer investimento. Em relação ao governo Evilásio, pecou muito pela gestão, que foi muito ruim. A gestão da saúde foi ruim, da educação foi ruim, e a própria questão administrativa foi ruim. Se eu for fazer uma crítica mais direta, é na questão da gestão, deixou muito a desejar.

TF – Qual a área que no primeiro momento vai ter grande atenção do sr. por considerar deficitária?

Fernando – Eu e a cidade consideramos: saúde. Você andou comigo várias vezes e viu como a cidade criticou a saúde. A cidade espera uma grande mudança na saúde. Ainda ontem, recebi telefonema do dr. Jorge Salomão, [superintendente do Hospital Pirajussara], da SPDM, me desejando boa sorte para o dia da eleição, e eu falei: “Precisamos fazer uma conversa muito rapidamente, porque espero contar com vocês na gestão da saúde. Vocês são considerados os grandes gestores em saúde, e espero contar com vocês pelo menos [na gestão] dos nossos pronto-atendimentos”. Ele acenou que está aberto para conversa, que tem disposição para isso. Seria um grande ganho para a cidade. A nossa intenção é já no primeiro ano mudar o perfil da saúde em Taboão.

TF – O sr. é do PSDB, e o atual governo alardeia ter uma relação muito boa com o governo federal, comandado pelo PT? Sendo oposição, como vai ser a gestão do sr. em relação ao governo federal?

Fernando – Espero que o governo federal não faça nenhuma distinção partidária, porque presidente, governadores e prefeitos não podem agir assim. Se eles tinham disposição de ajudar o governo que era base aliada deles, também devem ter a mesma disposição com relação a nós, até porque vou procurar e espero que nos ajudem. Não quero fazer distinção se a presidente não é do meu partido, não. Se a presidente quiser nos ajudar, tudo o que fizer por Taboão será bem recebido e reconhecido. Não vamos esconder os benefícios que o governo federal fará por nossa cidade, a política com “p” maiúsculo tem que ser dessa forma.

TF – Qual a mensagem do sr. para a população de Taboão, que tem um novo prefeito?

Fernando – Quero agradecer à população de Taboão da Serra, pelo carinho que destinou à minha campanha, com que me recebeu nas ruas, em cada casa visitada na cidade. É sentimento de gratidão muito grande que tenho no meu coração. Como sempre falei durante a campanha, vou retribuir com muito trabalho, vou procurar dar o máximo de mim para fazer o melhor possível e melhorar a vida das pessoas que vivem aqui, que são o maior patrimônio da cidade. Podem contar comigo que eu vou trabalhar muito para retribuir. É a quarta vez que vou para o Executivo, quando era vice assumi a prefeitura por um tempo. É um marco histórico.