Por Allan dos Reis, direto da ocupação
A reintegração de posse em uma área da Família Basile no Parque Laguna, em Taboão da Serra, foi cumprida nesta quinta-feira (22). Cerca de 1,2 mil famílias, incluindo crianças e idosos, ainda estavam no local. A Polícia Militar, com cerca de 300 soldados, deram apoio no cumprimento à ordem judicial.
Com tratores, os barracos – a maioria de madeira – foram derrubados. Os moradores tiraram seus poucos móveis do local, mas muitos deles não tinham para onde levar. Caminhões foram disponibilizados para levar esses móveis a outros locais. Porém, partes deles não têm para onde levar.
Em agosto do ano passado, o mesmo terreno já havia sido alvo de reintegração. Na época, muitos moradores ‘subiram’ para a parte que estaria no município de São Paulo. Mas desta vez, a ordem judicial ‘amarrou’ as matrículas e tudo seria demolido.
“Entendemos que a briga iria ficar difícil porque existem poderes muito acima de nós. Em 2016 havia uma ocupação aqui nesta terra e foi feita uma reintegração em 2016. E naquela época já se dizia que aqui iria ser galpão industrial, mas não era permitido o zoneamento. Então, como um passe de mágica parece que veio uma nuvem em cima de Taboão da Serra e em 2018 as coisa se encaixaram. O prefeito aprovou [apresentou] projetos, vereadores votaram [a alteração do zoneamento] e hoje eles têm o direito de fazer o galpão. Eles estavam especulando há muito tempo para conseguir fazer o que fizeram”, diz Leandro Cavalca, um dos líderes da reintegração.
Um dos moradores, Marcos de Souza Andrade, faltou à hemodiálise para acompanhar a reintegração. “Eu vim para invasão para tentar melhorar a minha vida e poder comprar meus remédios. Apesar de ter meus irmãos, eu moro só. É eu e Deus”, disse, ainda não sabendo para onde iria.
Responsável pelo policiamento, o major da PM Terra explicou a respeito da operação. “Foram cerca de 300 PM’s com o apoio do terceiro BP Choque, grupamento aéreo, Baep. A operação é em apoio a oficial de Justiça para cumprimento do mandado de reintegração de posse. Estamos dando o apoio para que não tenha nenhum problema. Até o momento [por volta do meio-dia] está tranquilo. O pessoal entendeu a ação da Justiça e os policiais foram orientados a tratar de forma educada e prestar todo apoio”, explicou.
A conselheira fiscal da Comunidade Divina Luz Dom Pedro, Silvandira Sotera da Cruz, reclamou da reintegração, já que a área que estão fica na parte de São Paulo.
“A oficial de Justiça veio comprir a reintegração de toda a área e questionamos porque o pedido de reintegração está para o Parque Laguna (Taboão da Serra) e nós estamos localizados em São Paulo”, reclamou. Ela afirma que nesta área moravam 3 mil famílias.
O Taboão em Foco tentou sem sucesso conversar com os oficiais de Justiça, que não aceitaram dar entrevistas. A GCM de Taboão da Serra também deu apoio. E alguns funcionários da assistência social.