Por Allan dos Reis, no Jardim Santa Luzia
Os moradores do Jardim Santa Luzia sofreram na tarde de quinta-feira, dia 19, com uma das piores enchentes dos últimos anos. O saldo foi trágico com a morte de um homem de 69 anos arrastado pelas águas e encontrado apenas no domingo (22). Contabilizado os prejuízos, moradores e comerciantes cobram da Prefeitura o término da canalização do Córrego Poá, que está parada, e a isenção do IPTU 2015.
O auxiliar de farmácia José Alberto Sandroni, 44 anos, mora no local e foi um dos que tiveram grande prejuízo. Perdeu fogão, geladeira e outros eletrodomésticos. As águas também alagaram o seu veículo Santana (ano 91/92). Ele acredita que a canalização pela metade aumentou o impacto da enchente. [CLIQUE E CONFIRA O VÍDEO]
“O Córrego Poá até a [Escola Domingos] Mignoni está todo arrumado. O problema é que se esqueceram da gente. O córrego afunila e esse é o problema. A gente precisa de uma associação. Hoje [quinta] não veio nenhum político. E estamos sem força”, protestou.
Opinião semelhante tem a desempregada Lucélia Costa Silva, 32 anos, que mora na Rua José Soares de Azevedo. Ela explica que a chuva pegou a todos de surpresa e não houve tempo para salvar fogão, geladeira ou TV. “Quando a água sai para rua, não dá tempo de mais nada”, ressalta.
E histórias como a desses dois moradores se repetem na região. Sandroni, assim como outros moradores com quem a reportagem do Taboão em Foco conversou, disseram não conseguir a isenção do IPTU. “Esse ano veio o imposto e deu indeferido [o pedido de isenção]. Mas vamos tentar não pagar o imposto deste ano”, salientou.
Na noite desta terça (24), moradores e comerciantes das áreas atingidas vão realizar uma manifestação na Câmara Municipal para exigir providências a respeito dos temas levantados.
OUTRO LADO
O Taboão em Foco conversou nesta segunda (23) com o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) a respeito dos problemas levantado pelos moradores. Em entrevista, ele explicou os problemas que atualmente impedem o término da canalização.
“Nós tivemos problemas técnicos porque a administração passada [do ex-prefeito Evilásio Farias] não previu as desapropriações [no projeto]. Estamos efetuando agora. O projeto tinha um erro e tivemos que corrigir. E também tivemos que obter outorga da Eletropaulo, da Comgás, da Petrobras e do DAEE. Logo que esteja resolvido, vamos começar esse trecho final da obra”, afirma Fernandes, que destacou que mesmo com as obras, “esse volume de chuva que caiu teria causado uma enchente em qualquer situação”.
Ele também afirma que não existe a possibilidade de isentar os contribuintes de pagarem o IPTU deste ano. “E em relação ao IPTU não precisa fazer revisão nenhuma. A lei diz que quem sofreu com enchente é só pedir a isenção. O [IPTU] do ano que vem [2016] eles não pagariam. Deste ano não tem jeito porque a gente não pode retornar a receita”, diz o prefeito.
Sobre as recusas apontadas pelos moradores, Fernandes afirma que “as pessoas que entraram com o pedido no Atende foram beneficiados. No ano de 2014, tiveram algumas inundações que atingiu as ruas e não as casas. Quando tem a inundação, nós fazemos um pente-fino e cadastramos as casas que sofreu inundação. Então, se pessoa entrar com o pedido, vai estar cadastrado se sofreu dano ou não. Tem muita gente que quer se aproveitar. Pedem isenção, mas a casa dele não sofreu problema nenhuma. As que tiveram dano foram aceitas”, encerrou.