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Aprígio ameniza críticas a Fernando, culpa IPTU pela derrota e promete concorrer em 2016

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Por Allan dos Reis, no Jardim Maria Rosa, em Taboão da Serra

José Aprígio diz que "Iptu pesou muito" para sua derrota na disputa eleitoral.

Nove dias após as eleições municipais, o vereador e candidato a prefeito derrotado na disputa pela prefeitura de Taboão da Serra, José Aprígio (PSB), que teve 47 mil votos (34,72%), conversou longamente com os jornalistas na noite de terça-feira, dia 16, após mais uma sessão legislativa na Câmara de Taboão da Serra.

Além de amenizar as duras críticas que fez ao longo da campanha ao opositor Fernando Fernandes (PSDB), eleito com mais de 60% dos votos, Aprígio afirma que o “IPTU pesou muito” para a sua derrota. O fato dos petistas não terem aceitado a “parceria Aprígio e Wagner”, seu candidato a vice, também atrapalhou, afirma.

Na conversa ele também criticou o distanciamento da executiva municipal do PSB durante a campanha que “ficou muito petista” e afirma que “ter saído do meu partido [PRB] no ano passado” foi um dos primeiros erros, que ele deve corrigir em breve.

Questionado se a sua esposa Luzia Aprígio (PSB), eleita vereadora, fará oposição a Fernandes, ele garante que ela “vai contribuir com o governo no que ele precisar” para melhorar a cidade e promete: “Eu vou fazer um trabalho político e a partir do ano que vem começo uma nova etapa para 2016”, completa.

CONFIRA ABAIXO OS PRINCIPAIS TRECHOS DA ENTREVISTA

Qual o balanço que o senhor faz sobre o resultado das eleições do dia 7 de Outubro?

– O resultado eu vinha acompanhando como poderia terminar a eleição. A cada mês eu fazia várias pesquisas. Eu estava certo que o meu adversário estava na frente. É claro que a gente tem que trabalhar sempre naquela de ‘vou ganhar’ para empolgar a equipe.

A sua campanha, 2 dias antes do resultado da eleição, divulgou uma pesquisa onde o colocava na frente do prefeito eleito Fernando Fernandes. O que deu errado na pesquisa divulgada?

– Eu acho que foram nos últimos dias e na boca da urna que foi decidido algumas dúvidas que o pessoal tinha. Você percebe que o meu adversário soltou uma pesquisa que dizia ter 70% e não confirmou. Depois lançou outra e não confirmou. Ouve uma alteração na boca da urna.

O que pesou para a sua não eleição. Foi o IPTU, a má avaliação do governo Evilásio…

– Eu acho que a insatisfação do IPTU pesou muito. Na rua a gente ouvia que aumentou muito e alguns casos mais de 1000% e eles atribuíam ao prefeito Evilásio. Eles achavam que estar no partido do prefeito, o Evilásio vai sempre estar por trás do seu governo e não vai ser um bom governo.

Como foi a participação do Evilásio na sua campanha? Alguns integrantes do seu partido o acusaram de fazer corpo mole. Qual é a sua avaliação?

– O prefeito Evilásio não foi e não chegou a falar ‘eu vou para campanha’. O prefeito Evilásio praticamente se absteve da campanha desde o início.

Quanto custou a sua campanha?

– Não tenho números, mas como você percebe foi uma campanha muito humilde. Foi uma campanha de poucos recursos. Bem pobre mesmo. Não foi uma campanha milionária como talvez do meu adversário. Ficamos praticamente um mês sem material. O que me prejudicou muito na campanha foi a indecisão. Vocês percebem que o nosso adversário, que agora posso falar o nome sem fazer propaganda para ele, o nosso adversário Fernando, ele era sempre candidato a prefeito. A cada dois anos ele está fazendo campanha ou pra ele ou para mulher [a deputada estadual Analice Fernandes]. No meu caso, não. A minha campanha foi decidida em três meses. Quando eu dizia que eu era candidato, o próprio Fernando dizia ‘que o Aprígio não será candidato’. O PT também dizia ‘que o Aprígio não será candidato’. Quando o PT decidiu que iria me apoiar. Três meses de campanha não dava para fazer muita coisa. No primeiro mês o Fernando já tinha definição e material para jogar na rua. Então nós já saímos atrasados.

O prefeito Evilásio ficou de ajudar a arrecadar recursos para sua campanha. O que deu errado? E o senhor teve que vender alguma propriedade para ajudar a bancar sua campanha.

– Essa informação de quanto gastou eu nem tenho porque o coordenador não era eu, era o Irineu [Casemiro], mas eu acho que ele [prefeito] deve ter ajudado em alguma coisa. Como já disse, foi uma campanha pequena e de poucos recursos. Com certeza não gastamos muitos. Foram alguns amigos que me ajudaram.

Aprígio, sua esposa [Luzia Aprígio] venceu e vai ser vereadora na próxima legislatura. Qual vai ser a posição dela, oposição ao Fernando? O senhor vai procurar uma conversa com o prefeito e como o senhor delimita o futuro político dela?

– Tanto a Dona Luzia como eu, o nosso ponto de vista foi de contribuir com o desenvolvimento da cidade. E oposição muitas vezes não contribui com o desenvolvimento da cidade. Eu acho que a Dona Luzia vai contribuir com o governo no que ele precisar.

O senhor conversou com o Fernando depois da eleição?

– Foi muito rápido. Só para parabenizar.

O senhor pretende procurar ele para conversar ou aparar alguma aresta que tenha ficado na campanha?

– Eu não entendo de aresta porque não foi uma campanha agressiva. Nem de um lado nem do outro. Foi uma campanha que, da minha parte, se foi feita alguma coisa que desagradou o Fernando é só procurar quem fez porque não fui eu e nem autorizei fazer. Pelo contrário, já de lá a gente sabe quem fez. Teve gente que assinou alguma coisa contra mim, mas tem assinatura. O que fizeram contra ele, eu considero uma covardia porque o cara não pôs o nome. E o homem põe o nome dele.

Aprígio, o senhor diz que não teve nenhum tipo de problema, mas em comício o senhor utilizou adjetivos de “vagabundo”, como no CSU. Agora o senhor diz que a Dona Luzia pode apoiá-lo no governo. Isso não contradiz tudo que o senhor dizia?

– Uma coisa é fazer política e eu fiz política. Eu sempre disse. Se ele falou o que estão falando ‘é vagabundo’. Se ele falou. Se ele não falou, desconsidera. Eu não disse é. Ele fez. Ele falou.

Aprígio, qual o futuro político do senhor?

– A gente tem que estar sempre contribuindo com a cidade. Eu vou sair da vida pública [Câmara], mas eu quero continuar depois. Vou ver o que vou fazer. Para [candidato a] prefeito daqui 4 anos com certeza. E para deputado estou avaliando.

O senhor pretende continuar com essa parceria com o PT ou vai seguir um rumo próprio?

– Os petistas foram às pessoas que aprendi a conhecer de perto e até admira. Muitos petistas não aceitaram bem a parceria Aprígio e Wagner porque eles contavam com o PT sozinho. O PT é um partido que aprendi a respeitar. São companheiros.

O senhor pretende continuar no PSB ou vai mudar de partido?

– Eu vou fazer uma avaliação e não sei se vou sair ou continuar.

Ou seja, o partido te desagradou no contexto geral…

– Vocês mesmo chegaram a falar que a campanha estava muito petista do que peessedebista [sic]. E eu também sentia isso. E como não faço parte da executiva eu tenho que obedecer. E muitas vezes é bom você nem criticar muito. Mas muitas coisas ficaram a desejar com certeza.

O que, por exemplo?

– A falta da presença do partido. O PSB tem muitos deputados e vocês mesmo cobraram a presença deles aqui. Como sou novo no PSB, eu não tenho intimidade com os deputados e por isso achei melhor deixar para lá e acabei não convidando.

Aonde o senhor errou?

– Um dos primeiros erros foi ter saído do meu partido [PRB] no ano passado. Foi o primeiro erro.

Qual o segundo?

– Não houve o segundo. Foi um conjunto de coisas que não foram bem arquitetados e não deram bons resultados.

Vereador Aprígio oficializa a sua pré-candidatura a prefeitura de Taboão da Serra

Qual a projeção de votos que o senhor faz sem o PT?

– Eu não sei. Por mais que eu aprendi admirar o PT, um partido grande, mas aqui em Taboão da Serra, essa campanha principalmente, como eu já disse, eu senti que muitos petistas não aderiram a campanha e por isso é muito difícil eu dizer: ‘olha, a porcentagem toda do PT veio para mim, eu acredito que não por causa da insatisfação de alguns filiados.

O senhor esperava que o apoio do Lula fosse mais efetivo e trouxesse mais votos?

– O Lula todo mundo sabe que é uma pessoa querida, mas ele precisa vir e falar. Não é uma simples foto que vai dizer que o cara está aqui.

Apesar do resultado da eleição, o senhor acredita que o político Aprígio sai fortalecido desta eleição?

– Eu me sinto fortalecido. São quase 47 mil votos. Não são poucos votos. Me sinto fortalecido. Uma pessoa que fez apenas 60 dias de campanha. Eu não estava trabalhando um ano atrás.

O senhor diz que demorou muito para se lançar como candidato. Então já podemos que o senhor lança o nome para 2016 ou é muito cedo?

– Eu acho que é muito cedo. Eu vou trabalhar como sempre trabalhei e eu acredito muito no trabalho. Eu não vou sair da vida política. Eu vou fazer um trabalho político e começo a partir do ano que vem começo uma nova etapa para 2016.

O senhor se vê do lado do Fernando Fernandes no próximo ano ou no futuro próximo?

– Eu nunca tive dificuldade com o Fernando apesar de sair candidato com ele duas vezes. Nunca tive cargo, nunca pedi muitas coisas. Não tenho dificuldade nenhuma.

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