loader-image
temperature icon 20°C

Áreas verdes urbanas: o que Taboão da Serra pode ganhar ao investir no verde

Compartilhar notícia

Por Mariana Marotti Corradi*

Em um cenário de urbanização acelerada, as áreas verdes urbanas — parques, praças, bosques e jardins públicos — emergem como componentes essenciais para o bem-estar das cidades e de seus habitantes. Preservar e ampliar esses espaços não é apenas uma questão estética: é uma necessidade de saúde pública, segurança climática e promoção da qualidade de vida.

Saúde pública: áreas verdes como promotoras de bem-estar

Diversas pesquisas mostram que o contato regular com ambientes naturais reduz significativamente o risco de doenças físicas e mentais. Um estudo da Universidade de Aarhus, na Dinamarca (Engemann et al., Proceedings of the National Academy of Sciences, 2019), concluiu que crianças que crescem próximas a áreas verdes têm até 55% menos risco de desenvolver transtornos psiquiátricos na vida adulta.

Além disso, uma meta-análise publicada no The Lancet Planetary Health (Twohig-Bennett & Jones, 2018) demonstrou que pessoas que vivem perto de áreas verdes têm menor prevalência de doenças cardíacas, obesidade e diabetes tipo 2. Esses espaços também incentivam a prática de atividades físicas, reduzindo o sedentarismo — uma das principais causas de doenças crônicas no Brasil.

No caso de Taboão da Serra, investir em áreas verdes significa apostar em uma população mais saudável, com menores custos para o sistema público de saúde no médio e longo prazo.

Segurança climática: uma proteção contra extremos ambientais

As áreas verdes desempenham um papel fundamental na regulação do microclima urbano. Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS, Urban Green Spaces and Health, 2016), elas ajudam a reduzir as temperaturas locais em até 2°C, combatendo o efeito conhecido como “ilhas de calor urbano” — fenômeno em que bairros densamente construídos acumulam calor, aumentando o risco de insolação e doenças respiratórias.

Além disso, a vegetação melhora a qualidade do ar, capturando poluentes como dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio e material particulado. Um estudo da Environmental Pollution (Nowak et al., 2014) mostrou que as árvores urbanas dos Estados Unidos removem cerca de 711 mil toneladas de poluentes do ar por ano, evitando milhares de internações hospitalares.

Em uma cidade como Taboão da Serra, frequentemente atingida por chuvas intensas, a vegetação também colabora com a permeabilização do solo, reduzindo o risco de enchentes e deslizamentos.

Lazer e convivência: cidades mais humanas e inclusivas

Espaços verdes também são pontos de encontro. Praças arborizadas, parques com equipamentos de lazer e trilhas ecológicas estimulam a convivência comunitária, a cidadania e o fortalecimento de laços sociais. Em tempos de vida cada vez mais acelerada e isolada, esses locais se tornam fundamentais para oferecer momentos de desconexão e pertencimento.

Uma pesquisa da Universidade de Exeter (Scientific Reports, 2019) apontou que pessoas que passam pelo menos 120 minutos semanais em contato com a natureza relatam níveis mais altos de bem-estar e satisfação com a vida — independentemente da idade, sexo ou classe social.

Investir em parques urbanos de qualidade é, portanto, também uma maneira de democratizar o acesso ao lazer e ao contato com a natureza, garantindo qualidade de vida a todos os cidadãos.

Um chamado para o futuro

Taboão da Serra, assim como outras cidades da Região Metropolitana de São Paulo, enfrenta o desafio de equilibrar crescimento urbano com qualidade ambiental. Priorizar a expansão e preservação das áreas verdes é garantir um futuro mais saudável, seguro e feliz para seus moradores.

O verde não é apenas um adorno: é infraestrutura vital para a cidade do século XXI.

* Mariana Marotti Corradi – Msc. Engenheira agrônoma, paisagista e especialista em arborização urbana – é Presidente da Associação dos Engenheiros, Agrônomos e Tecnólogos de Taboão da Serra

Fontes citadas:

Engemann, K. et al. (2019). “Residential green space in childhood is associated with lower risk of psychiatric disorders from adolescence into adulthood.” PNAS. doi:10.1073/pnas.1807504116

Twohig-Bennett, C. & Jones, A. (2018). “The health benefits of the great outdoors: A systematic review and meta-analysis of greenspace exposure and health outcomes.” The Lancet Planetary Health. doi:10.1016/S2542-5196(18)30106-9

WHO (2016). “Urban green spaces and health – A review of evidence.” World Health Organization Regional Office for Europe. link

Nowak, D. J. et al. (2014). “Tree and forest effects on air quality and human health in the United States.” Environmental Pollution. doi:10.1016/j.envpol.2014.01.022

White, M. P. et al. (2019). “Spending at least 120 minutes a week in nature is associated with good health and wellbeing.” Scientific Reports. doi:10.1038/s41598-019-44097-3

Veja também