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Artigo: Ansiedade na sociedade contemporânea

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Por Fiama C. A. Bello*

A ansiedade pode ser descrita como medo extremo de algum objeto ou situação; no caso da fobia social que advém da ansiedade: causa o medo exagerado de ser humilhado publicamente; pode causar trauma após uma situação muito difícil e resistência em lidar com a situação depois de ocorrido.

De acordo com o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) que por enquanto é a versão considerada para falar sobre os transtornos mentais, existem 11 transtornos de ansiedade descritos, são eles: 1) transtorno de ansiedade de separação; 2) mutismo seletivo; 3) fobia específica; 4) ansiedade social; 5) transtorno de pânico; 6) agorafobia; 7) transtorno de ansiedade generalizada; 8) transtorno de ansiedade induzido por substância/medicação; 9) transtorno de ansiedade devido a outra condição médica; 10) outro transtorno de ansiedade especificado; 11) outro transtorno de ansiedade não especificado.

Apesar de vivermos em uma cultura onde somos incentivados a vivenciar o bem estar a maioria do tempo, reprovando a raiva, angústia e ansiedade, esses últimos também fazem parte do espectro de sentimentos que compõe a experiência da vida.

A ansiedade é um fenômeno que nos ajuda em situações necessárias, como alerta para momentos que precisam de alerta, mensagens que impulsos nervosos nos mandam informando que é hora de realizar alguma ação. Se essa ação é proporcional ou não com a realidade que estamos vivenciando, é o que a gente vai descobrir de acordo com a história individual de cada um pessoa.

Ex. 1: uma pessoa andando na rua tarde da noite em uma rua deserta, percebe que estás sendo seguido, imediatamente o cérebro manda sinais de adrenalina (ansiedade) configurando um alerta de proteção.
Neste caso, a ansiedade condiz com a realidade da pessoa em questão.

Ex. 2: Uma pessoa está deitada em seu quarto após passar uma tarde agradável com sua família, sem um estresse prévio nem perigo eminente, seu coração começa a acelerar, suas mãos começam a suar e essa pessoa experiência falta de ar e aperto no peito, uma crise de ansiedade se faz presente. O motivo? Teremos de investigar!

Esses exemplos foram simplórios e meramente ilustrativos para informar a base do que seria uma ansiedade em sua função saudável e em sua função neurótica respectivamente. Na contemporaneidade, vou me ater apenas na vida urbana, diversas situações que vivenciamos nos obrigam a estar alertas e vigilantes, para além dos perigos que já conhecemos (violência urbana), estímulos visuais, auditivos, gastronômicos, desejos e ambição de se ter através dos dispositivos eletrônicos de comunicação tomam o lugar da real necessidade, que se perde nas prioridades de cada um.

Quando não nos damos conta do que realmente nos importa e quais são nossas prioridades, a ansiedade pode vir a tona. Em março de 2020 foi decretada uma pandemia mundial na qual muita gente não sonhava com tal realidade. A partir dessa experiência de homem e de mundo, algumas pessoas puderam repensar algumas mudanças que permanecem até os dias de hoje, justamente por conta de sentimentos e fenômenos causados pela ansiedade, que anuncia e acusa uma necessidade de mudança.

A síndrome do pânico não ficou tão incomum nos consultórios de psicologia, a fobia social pós isolamento não é algo raro até os dias de hoje. A indicação de tratamento para ansiedade, seja ela de qual ordem for (social, pânico, generalizada…) é com Psicoterapia em uma frequencia ideal (mínimo 01 vez na semana) e medicamento quando necessário (este somente prescrito por um médico, de preferência Psiquiatra). É interessante sempre manter a rotina de exames e avaliação médica em dia, para saber se a causa da ansiedade é clínica ou mostrada em exames laboratoriais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora.

Pinto, Ê. B. (2021). Dialogar com a ansiedade: uma vereda para o cuidado. Summus Editorial.

*Fiama Catarina Amorim Bello Negrão é psicóloga e psicopedagoga – CRP 06/148554

*O artigo não reflete, obrigatoriamente, a opinião do Taboão em Foco.

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