Por Allan dos Reis, no Jardim Maria Rosa
A Câmara de Taboão da Serra aprovou na madrugada desta quarta-feira, dia 25, a proposta de abonos salariais encaminhada pelo prefeito Fernando Fernandes que vai beneficiar algumas categorias do funcionalismo que recebem baixos salários. O valor que será pago varia entre R$ 100 a R$ 200 e passa a vigorar a partir do dia 1º de julho. As ADIs (Assistente de desenvolvimento Infantil) e ADEs (Assistente de Desenvolvimento Escolar) são duas das categorias beneficiadas. Atualmente elas recebem menos de R$ 800 por mês. Os vereadores Luiz Lune (PC do B) e Professor Moreira (PT) votaram contra o projeto.

A medida é uma tentativa do prefeito para encerrar a greve dos servidores – especialmente da educação – que estão parados a 20 dias. Os grevistas acompanharam a sessão e criticaram a proposta.

“O prefeito acabou diferenciando as categorias com um abono diferenciado. Não queremos abono porque não nos pertence e a qualquer momento ele pode tirar. [O abono] Não incide sobre as nossas aposentadorias, nossas licenças, sobre os nossos problemas. E no momento que a gente mais precisa de salários, que é na aposentadoria, o abono não nos acompanha e vai ser retirado”, diz o presidente do Siproem, Professor Segura.
A mesma linha seguiu os vereadores de oposição que votaram contra. Moreira apresentou uma emenda aumentando o valor a ser pago, mas foi derrotado nas comissões. “Abono esmola que começa com R$ 200 e vai até R$ 100. […] 95% dos trabalhadores estão fora. É para inglês ver”, bradou Moreira. Já o vereador Lune pediu o fim de medidas “paliativas” e afirma que “a partir do momento que a gente dá esse abono estamos traindo o movimento, que após 18 anos [sem reajuste] conseguiu se organizar”, diz.
Os vereadores governistas foram a tribuna defender a proposta de abono. Porém, muitos deles expuseram suas críticas ao projeto que seria em seguida votado. Eles também fizeram críticas a direção do movimento grevista.
“O projeto vem dentro de um período de negociação e não está encerrado. Esse projeto está muito aquém do que o funcionalismo merece, mas não devemos deixar de votar ele”, disse o presidente Eduardo Nóbrega (PR), que teve longa discussões com os manifestantes que acompanhavam a sessão.
Já o vereador Marco Porta (PRB) destacou a queda na arrecadação do município para justificar a proposta de abono e seus valores. “O que a gente vai votar é pouco, e é mesmo. Mas houve uma queda na arrecadação do município”, explica. Porém, assim que iniciou o seus discurso, os grevistas deixaram imediatamente a sessão e foram embora.
Já do lado de fora da Câmara, a presidente da Atraspacts Sandra Fortes também criticou o abono salarial. “O governo surge com essa proposta de abono sem nos consultar, com a qual nós não temos acordo porque não é para o conjunto do funcionalismo e nem repõe as perdas salariais durante o período”, diz.
Já no fim da sessão, o vereador André Egydio (PSDB) foi a tribuna e declarou que o “projeto é incompleto” e vai cobrar o prefeito para que amplie as categorias beneficiadas. “Quero saber qual foi o critério”, reclamou.
FIM DA GREVE?
Os servidores municipais que estão em greve há 20 dias vão decidir em assembleia na tarde de hoje quais serão os próximos passos dos grevistas. A tendência é que eles aceitem o abono e voltem aos seus postos de trabalho a partir desta quinta (25). Grande parte dos grevistas afirma que não tem mais condições – financeiras e físicas – de manter o mesmo ritmo dos últimos dias.
