Na tarde do último de sábado, dia 14, ciclistas, moradores e representantes da prefeitura acompanharam a avaliação da ciclovia de Taboão da Serra feita pelo diretor da CicloBR, André Pasqualini, no Parque das Hortênsias. Acostumado a pedalar por diversas cidades – em especial a capital paulista – Pasqualini elogiou o traçado da ciclovia, mas criticou a falta de sinalização ao longo de toda ciclovia.
A discussão em torno da ciclovia – e a sua necessidade – ganhou mais destaque na cidade depois que um vídeo postado no site Youtube questiona o traçado da via. Um abaixo-assinado foi entregue recentemente na câmara municipal recentemente. A ONG foi procurada por alguns associados
Pasqualini elogiou o traçado da via que tira os ciclistas da Régis Bittencourt (BR-116) e interliga com a Avenida Eliseu de Almeida, que deve ganhar uma ciclovia nos próximos anos.
“O plano é muito óbvio, muito lógico e tem tudo a ver com a lógica do ciclista, que é usar os fundos de vales porque são os locais mais planos. E é bem paralelo a BR, justamente no trecho mais complicado da BR que não tem acostamento e você tem que dividir espaços com os motoristas e já teve vários acidentes”, diz Pasqualini.
O grande problema da ciclovia de Taboão de Serra ao longo de seus 4 quilômetros é a falta de sinalização. “Não houve informação ao ciclista de que aquilo é uma ciclovia”, diz Pasqualini e complementa: “Eu senti muita falta aqui [de sinalização]. Não é nem má fé do motorista. Ele não sabe mesmo o que tem que fazer. Ou ele está tão acostumado com aquela via que ele nem sabe que trocou de mão. Então essa coisa tem que ser muito bem explícita”, conclui.
O morador do Jardim América, Fernando Coelho, gostou da instalação da ciclovia. “É importante a gente utilizar [a ciclovia] como meio de fluxo”, diz Coelho.
PROPOSTAS
Durante a avaliação, a CicloBR propôs diversas mudanças ao longo da ciclovia. Confiram algumas delas:
- SINALIZAÇÃO: Principal crítica da CicloBR. É preciso investir na sinalização da via, inclusive fazer com que os ciclistas que pedalam na Rodovia Régis Bittencourt tenham conhecimento da pista.
- PARACICLO: Mudança nos locais onde estão instalados os paraciclos. “Não tem muita lógica na instalação dos paraciclos. Eles têm que ser instalado em locais industriais, comércios e escolas”.
- VELOCIDADE: Reduzir a velocidade da Avenida Armando Andrade porque “essa via não suporta 50 km/h com ciclovia”.
- APAGAR PINTURA DUPLA NO ASFALTO: Algumas vias ganharam nova divisão, mas as pinturas antigas não foram apagadas. Os motoristas ficam confusos sobre qual faixa respeitar.
- HOSPITAL FAMILY: Esse é o ponto mais crítico ao longo da via. Uma das propostas é mudar o ponto de táxi localizado em frente ao hospital.
- MAIS FISCALIZAÇÃO: Aumento da fiscalização pelo Departamento de Trânsito porque muitos motoristas estacionam em cima da ciclovia, prejudicando o tráfego dos ciclistas.
OUTRO LADO: REPAROS DEVEM SER FEITOS ATÉ O FIM DO ANO
Responsáveis por tocar a obra, a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano acompanhou de perto a avaliação feita pela CicloBR. Além da Secretária Ângela Amaral, outros dois funcionários acompanharam atentamente cada detalhe.
A Arquiteta e Urbanista da Prefeitura de Taboão da Serra, Daniela Vaz [foto], diz que o traçado da ciclovia prevê a ligação com a futura ciclovia de São Paulo e que muitos dos pontos falhos e sugestões apontadas pela ONG devem ser solucionadas até o fim da construção da ciclovia.
“Eu acho muito importante que essa ciclovia seja discutida. A gente já havia discutido no Plano Diretor, discutido no conselho municipal de desenvolvimento urbano e a gente já tinha feito uma reunião com o pessoal do bairro a respeito desse trecho da ciclovia. Mas eu acho importante esse olhar do ciclista porque a gente conseguiu convergir as duas opiniões”, diz Daniela.
DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO NÃO MANDOU REPRESENTANTE
A maioria dos erros apontados pode ser corrigida pela Secretaria de Trânsito e Transportes. Porém, não havia nenhum representante desta secretaria na reunião. A secretária de habitação, Ângela Amaral, chegou a ligar diversas vezes ao Secretário Claudinei Pereira, que segunda a secretária ele afirmou que “estava numa prova de pós-graduação”.
MORADORES RECLAMAM QUE NÃO FORAM AVISADOS DA REUNIÃO
Os moradores e comerciantes que moram ao longo da ciclovia reclamam que não foram avisados da reunião que aconteceu no último sábado, dia 14. A reclamação aconteceu quando um grupo de ciclista presente a reunião foi dar uma volta na ciclovia.
Segundo a moradora do bairro Intercap, Angélica Reis, as faixas sobre a reunião foram colocadas algumas horas antes da reunião. Ela reforçou que ninguém é contra a instalação de ciclovias, mas do seu traçado.
“A idéia de ciclovia é maravilhosa. Mas nós somos contra como ela está sendo feita”, critica Angélica.
Por Allan dos Reis