Por Allan dos Reis, no Parque Assunção
A 61ª Encenação da Paixão de Cristo de Taboão da Serra, realizada na sexta-feira santa (dia 14), emocionou os cerca de 7 mil fiéis e espectadores que foram até o estacionamento do Parque das Hortênsias. Com nova direção, o espetáculo trouxe de volta antigos atores e novo palco, mas cortou cenas importantes como o suicídio de Judas. A ressurreição também foi menos impactante às realizadas no Morro do Cristo. Em anos anteriores, a Paixão chegou a ser vista por quase 20 mil espectadores.

O diretor geral da encenação, Ricardo da Hora, reconhece que a apresentação deste ano foi menos impactante e justificou que os investimentos foram mais nos atores, deixando de lado um pouco o cenário.
“Graças a Deus chegamos aonde gostaria de alcançar. A gente quis mudar um pouco e trazer à família. No começo os apóstolos desceram e trouxeram às famílias ao palco. Todo ano vamos mudar o espetáculo. O cenário e tudo. [Neste ano] A gente procurou investir mais na qualidade dos atores. No ano que vem teremos novidades”, justificou Ricardo.
A encenação começou com a presença de Apóstolos, que levaram suas famílias até o palco. Em seguida, a narrativa continua com a história de Jesus de Nazaré, que prega e expande a sua doutrina até ser traído por Judas. Julgado e condenado à morte, Jesus apanha. Além de receber uma coroa de espinhos, ele é obrigado a carregar a cruz, onde seria em seguida crucificado e morto.

Até 2015, essa era uma das cenas mais chocantes e que levavam fiéis às lágrimas. Desta vez, ao invés de caminhar por quase 1 Km até o Morro do Cristo, a organização fez ele andar alguns metros na área reservada. Apesar disto, o público se emocionou com o martírio.
Terminado o primeiro ato, monsenhor Aguinaldo, do Santuário Santa Terezinha, evangelizou por cerca de 10 minutos. Ao final da encenação, resumiu. “Dou nota 10. Realmente esse ano a experiência foi maravilhosa”, diz.
O segundo ato é representado pela crucificação de Jesus, que aconteceu no palco. Apesar de impactante, uma das cenas esperadas seria o suicídio de Judas. Porém, a cena não aconteceu. Três dias antes, um dos membros da organização sofreu um acidente e teve uma série de escoriações após cair da árvore, onde estava previsto acontecer à cena.

Outra mudança impactante foi à ressurreição. Se no Morro do Cristo, Jesus surge no alto e é içado por um trilho, em frente ao Parque, a ressurreição é com o ator saindo pela lateral do palco e caminhando ao centro e caminhando novamente no espaço reservado. Apesar do visual, o público também se emocionou. Ao final, uma grandiosa queima de fogos marcou o encerramento.
“Quero dar meus parabéns ao diretor geral Ricardo da Hora, ao Valter da Costa [diretor de elenco] e ao Zé Maria [diretor artístico], a toda secretaria de cultura porque o espetáculo emocionou. A cada ano está crescendo mais”, diz Laércio Lopes.
No papel principal, o ator Washington dos Santos Gabriel comenta a satisfação em interpretar Jesus de Nazaré pela primeira vez durante a encenação.

“As pessoas tem levado a mensagem de Jesus meio deturpada. E poder deixar bem claro que os maiores ensinamentos de Jesus, que é o perdão e o amor, isso é uma satisfação. Eu, como ator profissional, poder repassar isso, multidão a fora, é uma experiência fortíssima. E esse espetáculo, Paixão de Cristo 2017, ela vem ressaltar essas duas questões. Perdoe para ser perdoado. E amai vos um aos outros, assim como ele, Jesus Cristo, amou a todos”, diz Gabriel, ator que interpretou Jesus.