Comunicação implica ação, mas com responsabilidade

Por Márcio Amêndola*

tribunaDesde a fundação desta Tribuna saudei a iniciativa do jovem Allan dos Reis, que vem lutando para manter um veículo novo de comunicação de caráter regional, o que não é fácil, diante de uma enorme concorrência, nem sempre qualificada, já que várias experiências de ‘jornais’ de bairro não passam de ‘gazetas de anúncios’, reprodutores de releases de prefeituras e outros órgãos públicos, ou de qualidade duvidosa.

Segundo estatísticas feitas por este humilde escrevinhador, identifiquei 52 jornais na Região Sudoeste, e 35 com algum tipo de vínculo na Internet, entre sites, blogs, twitter. Oferta é o que não falta em termos de comunicação regional. O problema é a qualidade, e aí creio que andamos para trás. Nos anos 1980 fundamos um jornal chamado Fato Expresso, que sobreviveu por 17 anos, tentando sempre uma linha independente e informativa. Porém, com a ‘institucionalização’ dos jornais junto às prefeituras, os veículos passaram a depender cada vez mais de verbas públicas, atrelando-se indelevelmente ao pensamento dominante de cada administrador de plantão.

Com o surgimento de veículos em excesso, o preço dos anúncios baixou dramaticamente, e nesse contexto o Fato Expresso parou de circular em fevereiro de 2003. Agora, voltamos numa experiência na Internet, mas sem o caráter regional que o caracterizou. Fazer jornalismo independente e de qualidade na região é o desafio colocado no dia a dia de profissionais como o Allan, do ‘Tribuna Regional’. Se pudesse dar um palpite, diria: Seja independente! Este jovem profissional começa bem, realizando pautas interessantes, como a que revelou os problemas no ‘apressamento’ das obras do Trecho Sul do Rodoanel, ou a crítica ao excesso de cavaletes de propagandas de candidatos que ‘assolaram’ as ruas de Embu e região. É regular colaborador também de sites de comunicação, fator positivo, já que hoje devemos falar em diversas mídias (impressa, eletrônica) para atingir diferentes públicos.

O Brasil ainda sofre com a falta de objetividade e independência da mídia, mas com a proliferação dos meios de acesso à produção editorial, se por um lado podemos sofrer com o rebaixamento da qualidade, como já alertei, temos por outro lado, a democratização do acesso à produção da informação e da opinião, o que não é pouco, em um país onde até pouco tempo atrás, uma única rede de televisão e dois ou três ‘jornalões’ dominavam o noticiário e ditavam o que era notícia, o que não era, e qual a ‘verdade’ oficializada pela vontade de seus controladores.

Ao completar seu primeiro ano de existência, esta Tribuna deve manter sua linha de independência editorial, de busca da verdade e dinamização da informação, não dispensando outros meios além do impresso. O jornal impresso cumpre seu importante papel democrático de difusão, particularmente para aqueles que não gostam de simplesmente ficar vidrados horas a fio em frente a uma tela de computador. Ou para aqueles que ainda não tem acesso a esta mídia, por questões financeiras. Parabéns ao Allan dos Reis e à Tribuna. Que este produto complete muitos anos além deste primeiro, que já se mostrou extremamente promissor.

Márcio Amêndola(*Márcio Amêndola de Oliveira, 50, é jornalista, assessor de Comunicação da Câmara de Embu das Artes, diretor do site www.fatoexpresso.com.br, estudante de História na Universidade de São Paulo, e autor do livro: “Zequinha Barreto, um jovem revolucionário na guerra contra a ditadura”, Editora Expressão Popular, São Paulo, 2010).

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