Por David da Silva, do blog Bar & Lanches Taboão
Por volta do meio-dia desta 2ª-feira, 24 de setembro, o menino Rafael, de 5 anos, atingido por um aparelho de TV que despencou sobre sua cabeça dentro da sala de aula, deixou a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e segue internado em quarto do Hospital Geral Pirajussara. Ele ainda não recobrou a fala e poderá ficar com sequelas por perda de massa encefálica, informa a mãe da criança.
No mesmo horário da liberação do garoto pela UTI, o blog ouvia a professora da vítima. Com 46 anos de idade, 11 anos de profissão e há oito anos na Escola Municipal Infantil Bidu, onde ocorreu o acidente, ela está abalada. “Eram mais ou menos 18h30 e eu estava a cerca de dois metros entre a sala de aula e o sanitário onde um grupo de alunos fazia a higienização já perto do horário de saída da escola”, conta a profissional que cuida sozinha de uma turma de 29 crianças na fase pré-escolar (5 anos de idade).
O rack sobre o qual estava a TV antiga de tubo com 29 polegadas, não tinha uma de suas rodinhas. O aparelho (que é deslocado entre as várias dependências da escola) já estava em sua sala de aula quando ela iniciou seu turno de trabalho, no período da tarde da 4ª-feira passada, 19 de setembro. O vídeo havia sido utilizado poucos minutos antes de atingir a cabeça de Rafael. “As crianças tinham assistido a um desenho animado sobre animais e preservação da natureza”, conta a professora, que tem seu nome reservado e sob a assistência jurídica do Sindicato dos Funcionários Públicos Municipais de Taboão da Serra.
Revolta e esperança
A dona de casa Kátia Pereira Cardoso dos Santos, 38 anos, mãe de Rafael, divide seus sentimentos entre a esperança de ver o filho restabelecido, e a revolta pela falta de prevenção do sinistro. “Se Deus quiser meu filho vai voltar a falar, e eu quero escutar da boca dele como foi que tudo aconteceu”, disse a mãe ao blog na noite de ontem.
A Polícia de Taboão da Serra apura responsabilidades de quem alterou o local do fato, limpando o sangue e removendo o móvel com a TV que vitimou a criança. Rafael foi socorrido em cerca de três minutos por viatura do SAMU, que primeiramente o levou ao Pronto Socorro Municipal. Por falta de condições de atendimento naquele órgão de saúde, teve de se deslocar ao Hospital Pirajussara.
“A escola deveria ter telefonado aqui para minha casa na mesma hora do acidente. Nosso telefone está no prontuário do Rafael na secretaria da escola. Mas foi o motorista da perua escolar quem veio me avisar. Enquanto isto as crianças [que o veículo transporta] ficaram na porta da escola esperando”, protesta Kátia, que mora há 30 anos próximo à escola no Jd Freitas Júnior. Ela pretende mover ação judicial contra a administração municipal.
“Até agora não recebi apoio da Prefeitura. Nem sequer um telefonema do Evilásio [prefeito], nem uma palavra de conforto”, acusa Kátia, desmentindo nota oficial da Secretaria da Educação reproduzida pela imprensa local.