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Disputa pela presidência do SindTaboão se acirra e vira caso de polícia; candidatas trocam acusações

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Por Allan dos Reis, no Centro de Taboão da Serra

A eleição no Sindicato dos Funcionários Públicos de Taboão da Serra (SindTaboão) ainda não tem data marcada para acontecer, mas o clima de rivalidade entre as chapas está esquentando a cada dia. Somente na semana passada, as chapas trocaram acusações e as candidatas a presidente foram parar no distrito policial com acusações mútuas. Primeiro foi na segunda-feira, dia 5, e o mesmo enredo se repetiu no sábado (10) que contou com a intervenção da PM e a GCM em frente ao sindicato.

Sandra Cristina, Selma Fátima e Liliam Guedes disputam a presidência do Sindicato dos Funcionários de Taboão da Serra.
Sandra Cristina, Selma Fátima e Liliam Guedes disputam a presidência do Sindicato dos Funcionários de Taboão da Serra.

De acordo com a atual presidente, Sandra Cristina, da chapa Trabalho e Compromisso, a sede do sindicato teria sido invadida na manhã de sábado enquanto ela realizava uma reunião com representantes da comissão eleitoral. Os “invasores” – acusa – seriam membros das chapas opositoras, especialmente da chapa Dignidade e Trabalho, da Selma Fátima.

“A reunião hoje (sábado) era uma coisa interna, onde a comissão eleitoral foi devidamente convocada por telegramas e foi aberta a reunião às 7h. No início não apareceu ninguém das chapas concorrentes, mas o restante da comissão apareceu. Passado 15 minutos da reunião já começada, um grupo alheio ao sindicato e que não fazem parte ao quadro [de funcionários da prefeitura de Taboão da Serra] exceto três pessoas da chapa Dignidade e Trabalho invadiram o sindicato. Eles arrebentaram o portão e invadiram”, acusa Sandra, que falou ao Taboão em Foco algumas horas após o ocorrido.

Presidente do SindTaboão divulga fotos da confusão de sábado (10).
Presidente do SindTaboão divulga fotos da confusão na manhã de sábado (10).

Porém, as candidatas das outras chapas acusam Sandra de descumprir acordo firmado entre os advogados das chapas para que a convocação acontecesse apenas na semana seguinte.

“Na semana passada foi feita uma reunião entre os advogados das chapas Unidade e Luta e Dignidade e Trabalho com o advogado do sindicato e ficou acordado que seria chamada uma assembleia para eleger a comissão eleitoral e marcaram uma reunião para o próximo dia 20 para acertar essa questão. Só que ontem (sexta), eu recebi um telegrama me convocando para comparecer às 7h no sindicato”, explica Liliam Guedes, da Unidade e Luta.

Selma também explicou o acordo que existia entre as partes. “Houve um acordo entre os advogados da chapa que dia 20 eles estariam se reunindo para organizar a comissão eleitoral, uma vez que a diretoria atual está sem mandato. Para minha surpresa, por volta das 16h30 [de sexta] recebi um telefone da candidata [Liliam] da chapa Unidade e Luta, que ela havia sido convocada para uma reunião hoje por volta das 7h. Eu entrei em contato com o sindicato procurando informações, uma vez que o representante da minha chapa na comissão eleitoral estava fora de São Paulo e ele não havia sido comunicado até aquele momento”, diz.

Polícia teve que intervir na confusão no sindicato dos funcionários públicos de Taboão da Serra. (Foto: Divulgação / SindTaboão)
Polícia teve que intervir na confusão no sindicato dos funcionários públicos de Taboão da Serra. (Foto: Divulgação / SindTaboão)

Questionada sobre a quebra do acordo, Sandra explica que “teve esse reunião na quarta-feira (7) entre todos os advogados, ocorre que o advogado também da chapa Dignidade e Trabalho agrediu o nosso advogado e acabou-se também em confusão e bate-boca. Esse acordo não era escrito. Eles querem a minha chapa fora do pleito, eles conduzirem o pleito eleitoral, sendo que estatutariamente não há nada que me desabone e muito menos algo que me permita passar a eles a administração do pleito”, se defendeu.

A candidata Selma também negou que ela e os seus apoiadores tenham invadido o sindicato. “Chegamos às 6h30 e observamos todos que entravam no sindicato, que se mantinha com as portas fechadas. Quando foi 7h20 tentamos entrar e o portão estava aberto e nós adentramos. Ela nos impediu de participar e não abriu a porta [da sala]. Ela tirou fotos e ameaçou um membro da nossa chapa”, afirma.

A outra candidata, Liliam, preferiu ficar do lado de fora do sindicato só observando. “Eu cheguei às 6h55 e já havia um pessoal e fiquei esperando ela [presidente] abrir o portão. Percebemos que o portão estava um pouco aberto e o pessoal entrou. Eu preferi ficar aguardando as instruções do meu advogado”, diz.

Após toda confusão, a reunião foi cancelada e a presidente do SindTaboão saiu do local dentro de uma viatura da GCM, que registrou boletim de ocorrência relatando a confusão. A PM também fez um B.O. e ambas registram que o portão estava trancado com cadeado e descarrilado da guia, mas sem citar oficialmente que houve invasão.

TENSÃO SINDICAL

O clima de tensão entre as chapas só aumenta com o passar dos dias. Reflexo disto são os constantes boletins de ocorrência no distrito policial. Além dos dois da semana passada, a atual presidente informa que outros dois já foram feitos.

“Essa é a segunda eleição deste sindicato. A diferença é que da primeira [eleição] é que agora vem pessoas alheias que não são da prefeitura, não são funcionários, não estão em chapas, são pessoas ligadas ao sindicato dos condutores. Esse constrangimento e essa força que estão vindo são de fora. Nós aqui não chegamos a essa política sindical que eles estão acostumados”, critica Sandra Cristina.

Sindicalistas prestam queixa no 1º DP de Taboão da Serra.
Sindicalistas prestam queixa no 1º DP de Taboão da Serra.

Já a candidata Selma Fátima alega que teve que buscar apoio da UGT (União Geral dos Trabalhadores) porque a presidente está dificultando a eleição. Um dos seus apoios vem do Sindicato dos Motoristas de São Paulo, presidido pelo ex-vereador do município Valdevan Noventa.

“Nós estamos aqui para disputar o sindicato com transparência. E ela está nos impossibilitando de disputar. Nós estamos sendo ludibriados com interpretações errôneas do nosso estatuto, que é omisso. O sindicato é um direito nosso. Sabemos que ela está forjando situações para complicar a chapa Dignidade e Trabalho. E não vou fugir da luta. O sindicato dos transportes, do ex-vereador Valdevan Noventa, está nos apoiando através da UGT. Não é diretamente ele, é o sindicato através da UGT”, comenta.

Mais distante das brigas, Liliam que tem o apoio da CUT (Central Única dos Trabalhadores) também comentou o clima de guerra que se instaura.

“O clima está muito pesado porque ela não está cumprindo com as determinações. Ou seja, ela não é mais presidente do sindicato, se recusa a chamar assembleia, se recusa a fazer um pleito com lisura, transparente e democrático. Ela está tentando segurar de todas as formas para que não haja eleição”, afirma.

A eleição chegou a ser marcada para o dia 18 de março, mas foi cancelada após membros das chapas renunciarem. A próxima data deve ser anunciada em breve.

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