Por Gilmar Júnior, no Jardim Helena
A casa estava lotada. O clima era quente na noite da última terça-feira (31) que discutia um novo pedido de abertura do processo de afastamento do prefeito Fernando Fernandes (PSDB) protocolado pelo presidente do PC do B em Taboão da Serra, Antônio Gomes de Oliveira (Toninho).
De um lado, o time da base governista e do outro a oposição. Após muita pressão de servidores livres nomeados que transformaram a sessão da Câmara em um caldeirão, o documento de denúncia contra supostas irregularidades com possíveis benfeitorias na rua do Shopping Taboão, que a denuncia diz ser particular, foi rechaçado pela segunda semana consecutiva por 10 votos a 3.

O ambiente no plenário era semelhante ao de um estádio de futebol com direito a torcida pró-governo. O pontapé inicial foi dado quando o vereador Professor Moreira (PT) pediu a palavra. O parlamentar pouco falou, apesar de contar com 15 minutos à sua disposição. O motivo foi a pressão que os livres nomeados fizeram o abafando com vaias, gritos e palmas.

O jogo esquentou ainda mais no momento em que o líder da base governista na Câmara, Eduardo Nóbrega (PR), tomou posse da palavra para defender o não recebimento da denúncia. A sensação era de que o ‘camisa 10’ da torcida havia assumido a situação e a cada frase que proferia, era agraciado com palmas e gritos de incentivo, principalmente quando argumentou que a via em questão ter sido construída com dinheiro próprio do Shopping Taboão.
Nóbrega disparou contra os oposicionistas e principalmente, ao vereador Luiz Lune (PC do B), que preferiu não fazer uso da palavra em tribuna. “Estão querendo antecipar o período eleitoral. Isso é como se fosse uma partida de futebol, onde temos que saber jogar dentro e fora de casa. Mas hoje, o campo é nosso”.
SEGUNDO TEMPO
Após o intervalo, a vereadora Luzia Aprígio (PSB) subiu a bancada para rebater afirmações do vereador Eduardo Nóbrega. Mas como se fosse em uma entrevista à beira de campo (no caso das cadeiras de onde os munícipes estavam), um dos presentes interpelou a vereadora que em determinado ponto de ser discurso relatou que o marido José Aprígio não fazia política. O popular questionou: “a senhora diz que ele não faz política, então por que ele quer sair como candidato a prefeito?”. Luzia retrucou dizendo que o esposo atualmente não é político, mas que o futuro “só a Deus pertence”.
Tabelando com o líder do governo, o vereador Marco Porta (PRB) discordou do posicionamento da vereadora Luzia e afirmou que o ex-vereador Aprígio é sim um agente político, já que uma das provas para isso seria a coletiva de imprensa que ele convocou na última segunda (30) para criticar a gestão do governo Fernando Fernandes. O vereador Marcos Paulo (PROS), assim como Porta, fez o pedido para que o trio oposicionista colaborasse e votasse contra o recebimento da denúncia. “Aqui somos todos um time só. Torcemos todos juntos por Taboão”, discursou.
Ao final dos pronunciamentos, a votação foi iniciada e o placar eletrônico apontou 10 a 3 (votos contrários, Luiz Lune, Luzia Aprígio e Professor Moreira). Com a segunda semana consecutiva discutindo um pedido de afastamento ou impeachment ao prefeito e correndo o risco de receber mais denúncias do mesmo tipo nas próximas semanas, Nóbrega explica que a estratégia deve ser cautelosa. “Acho que devemos aprender com o Tite – treinador do Corinthians. Devemos traçar uma estratégia para que possamos fazer mais gols e tomar poucos”, diz.