Por Allan dos Reis, em Embu das Artes
O presidente da Câmara de Embu das Artes, Ney Santos (PSC), rebateu as críticas e explicou o aluguel dos 11 carros para os vereadores em coletiva de imprensa após a sessão desta quarta-feira, dia 18. Por ano, o custo será de R$ 273 mil e pode chegar até a R$ 366 mil, caso os quatro parlamentares que recusaram os automóveis, mudem de opinião.
Ao lado de seus colegas de Câmara, Santos explicou que, de uma forma geral, o aluguel era mais vantajoso que a compra, já que os custos com documentação, seguro e manutenção estão inclusos.
“Os carros que estavam aqui eram antigos e geravam muita manutenção. Cinco carros gastavam em média de R$ 80 mil a R$ 90 mil por ano de manutenção. E nós somos 15 vereadores. Como cinco vereadores vão ficar com carros antigos e vamos pegar carros novos para os demais. Entre nós iria causar um desconforto”, justificou.
Santos também negou que ter veículos a disposição seja “regalia” ou “mordomia” aos políticos. “Os carros aqui é para trabalho. Para atender as demandas. Nossa cidade cresceu e não é mais aquele interiorzinho onde a Câmara não pode ter um carro”, diz.
Sobre a possibilidade dos vereadores utilizarem os veículos para outros fins, que não o exercício do mandato, o presidente explicou que “foi aprovada uma resolução muito clara”. Questionado se não é um contra-senso aumentar a despesa quando o Brasil está preste a passar por uma recessão, o presidente completa: “Nós economizamos”. Ele lembra que cada parlamentar tem direito a nomear quatro assessores e “tem vereador que deu sorte de pegar quatro com carro, agora tem vereador que pega os quatro assessores que não tem nenhum carro”.
Durante toda sessão, alguns parlamentares fizeram questão de tecer críticas aos jornais e pessoas que falaram sobre a mordomia. “Não tem constrangimento nenhum. Eu vou usar o carro, mas não vão me ver com ele em um supermercado. Na Assembleia [legislativa] tem. No Senado também tem”, justificou o petista João Leite.
O ex-presidente da casa Doda (PT), que na sua gestão não alugou carros aos parlamentares, utilizou argumentos semelhantes. “O judiciário, o Senado, as Câmaras, a Prefeitura e todos fazem contrato de locação de carros. Por que Embu não pode? Tem um monte de hipócrita escrevendo um monte de besteiras na Internet”, rebateu.
Se para os vereadores os carros são importantes para exercício do mandato, nas redes sociais, assim que a notícia foi veiculada, as críticas não cessaram.
IDENTIFICAÇÃO
O presidente prometeu – sem dar prazos – que os veículos serão identificados para que a população também possa fiscalizar qualquer irregularidade na utilização dos mesmos. “Pela legislação não é obrigatório, mas moralmente é interessante. Nós já mandamos fazer os adesivos que serão colocados nas portas dos carros”, garante.
ELES NÃO QUEREM OS CARROS
A reportagem do Taboão em Foco conversou com três, dos quatro, vereadores que recusaram ter um carro com os custos pagos pela Câmara de Embu das Artes. São eles os vereadores Gilvan da Saúde (Pros), Dra. Bete (Pros) e Pedro Valdir (PSD). A vereadora Rosana do Arthur (PMDB) também recusou.
O vereador Gilvan da Saúde (Pros) os carros oficiais poderiam lhe impedir de realizar o trabalho social que realiza no município. “Eu não aceitei porque o carro oficial dos vereadores é para ir a reunião na assembleia, ir a reuniões em outras Câmaras da região. Em Embu, a maioria dos vereadores tem um trabalho social. Tem o trabalho de levar as pessoas no hospital às vezes e entidades em São Paulo. E eu não acho certo usar o carro oficial para fazer esse trabalho. Eu uso carro dos meus assessores e o meu carro”, diz.
A vereadora Dra. Bete diz que prefere usar o carro particular para o exercício do mandato. “Eu nunca quis usar carro oficial porque o tipo de trabalho que faço, eu não preciso de um carro oficial. Prefiro ter um carro particular e fazer tudo que eu faço no meu dia a dia. Desde o meu mandato atrás, eu não quis utilizar carro oficial. Acho que se quem pegou pode ser bom para eles. Mas o meu trabalho não dá para usar carro oficial”, ressaltou.
Já Pedro Valdir, que acompanhou a coletiva ao lado do presidente Ney Santos, preferiu apenas dizer que foi uma opção. “Não é uma questão focada agora. Se pegar no passado, quando havia a outra administração do [presidente] Doda, eu já não usava o carro. Se eu não usava, eu não tinha interesse. Nesta é a mesma coisa. Na realidade é uma opção minha”, resumiu.