Adilson Oliveira, na região do Pirajuçara, em Taboão da Serra
Com dezenas de faixas e cartazes, apitos e cornetas em uma manifestação ruidosa, alunos da Escola Estadual Edgard Francisco e pais, com participação de professores e diretores, deram basta à onda de violência e exigiram ronda da polícia no entorno do colégio, no Jardim Guaciara, nesta quinta-feira, dia 6. Cerca de 300 pessoas ocuparam a estrada Kizaemon Takeuti sentido Pirajuçara e andaram 1 km até a praça Luiz Gonzaga.
Assalto a alunos e mestres tem sido frequente em frente à escola. No dia 30, porém, revoltou pais, quando jovens foram colocados perfilados por um homem armado e comparsa em moto, que roubaram tênis, celulares e bonés. “Fizeram paredão e levaram tudo. Um aluno só não foi morto porque a arma falhou, mas levou uma coronhada”, contou Gilmara de Souza, mãe de aluno. Um urinou na roupa ao não ter nada de valor para dar.
“É uma vergonha, eles vão para escola com medo”, disse Silmara Marodim, que não teve a filha de 17 anos assaltada, mas saiu às ruas. “Lógico, o que não quero para ela não quero para ninguém”, disse a moradora do Jardim Maria Luiza, que empunhava frase de cobrança às autoridades e crítica às pessoas que estavam passivas – “Enquanto uns querem ‘tchu’ e outros querem ‘tcha’, não temos segurança e queremos estudar”.
“Espero que melhore a segurança, não dá para ir estudar e ser roubado”, disse a aluna Thais, 16 anos. “Corremos risco”, resumiu Ana Cláudia, 12. Ao cobrar policiamento, porém, miraram errado. “Evilásio, queremos atenção!”, puxou o coro uma jovem ao microfone de carro da Apeoesp. Dirigentes do sindicato de professores usavam broches do PSTU, oposição à administração municipal. Segurança é dever do governo do Estado.
Professores na passeata estavam assustados. “Roubaram os celulares e passaram a mandar mensagens para contatos dos alunos de que agora vão atacar professores”, disse uma professora de 34 anos sobre o “arrastão” na quinta anterior, que foi o terceiro assalto só naquela semana. Ela também foi assaltada na porta. “Penso até em desistir das aulas, estou com muito medo”, disse, sem querer se identificar, com voz trêmula.
Na manhã em que uma professora foi assaltada, a ronda escolar foi chamada, mas não foi. No dia seguinte, acionada de novo cedo diante do temor de nova ação, só chegou ao meio-dia. “Estou na escola há quatro anos, a ronda nunca esteve na entrada e saída dos alunos. Um policial disse que só há três viaturas para Taboão inteiro”, disse um educador. A Polícia Militar diz que a ronda ocorre e já identificou criminosos para prender.
Uma viatura da PM chegou à escola quando a passeata já tinha partido. A Guarda Civil Municipal acompanhou a marcha desde o início. Ao chegarem à praça, os alunos fecharam a estrada, mas a liberaram meia hora depois, sem planejar novas ações. “A volta da ronda já foi pedida desde o primeiro ofício, em fevereiro, a manifestação foi para forçar uma resposta mais rápida”, disse ao TF Sônia Cristina Santos, vice-diretora da escola.
O ato teve ao menos dois incidentes. Um motorista não teria conseguido seguir pela Kizaemon bloqueada e bateu boca com agente de trânsito e discutiu com GCM. Estudantes o vaiaram. A passeata causou trânsito pela estrada que se estendeu até Campo Limpo. Em caso mais grave, um rapaz com uma faixa ficou na frente de um carro que entrava para um comércio e pressionou o corpo na lataria. Ao volante, o homem apontou uma arma.