A ausência de apoio psicopedagógico para crianças carentes do município de Taboão da Serra, fez com Geneci de Souza, professora do curso de pedagogia da Faculdade Anhanguera, reiniciasse o projeto “Ciranda do Aprendizado”. O laboratório que já existia na extinta Faculdade de Taboão da Serra foi reaberto em Agosto de 2010, e já foram atendidas gratuitamente em torno de 25 crianças. O atendimento é feito todas as 3ª Feiras e não há restrição de idade.
A principal causa que levam crianças, adolescentes e até adultos ao projeto é a dificuldade de aprendizagem sem identificar as causas possíveis para isso, segundo Geneci. Os problemas mais comuns são o TDHA (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e a dislexia. A falta de experiência da família e a desinformação dos próprios professores fazem com que haja certa demora para detectar estas questões. Além desses transtornos, o projeto também acolhe crianças com Síndrome de Down e as ajuda na sua alfabetização.
Para que o tratamento seja ainda melhor, o “Ciranda do Aprendizado” conta com um parceiro, o Instituto Cefac – Ação Social em Saúde e Educação. Para lá são encaminhadas as crianças que precisam de psicólogos, fonoaudiólogos e neurologistas. “Este trabalho é feito em parceria com as famílias, o Ciranda e esses profissionais. É um trabalho de formiguinha, mas muito apaixonante”, enfatiza Geneci. A estagiária do 3º semestre de pedagogia, Dionéia Barreto que a atua no laboratório, também considera o trabalho gratificante: “É muito bom participar dos desafios e avanços dessas crianças, tem um sabor de conquista”. Além disso, o aprendizado nesse projeto acaba por ajudá-la em outros, como na ONG em que trabalha. “O Ciranda só tem me acrescentado, só tenho que agradecer”, comenta Dionéia.
As conquistas do tratamento já são sentidas por Rosângela de Fátima Miranda, cuja filha Laura de 12 anos participa do projeto. A menina que apresenta TDHA tinha dificuldade para ler e era muito tímida, mas já demonstrou avanços. “Acredito que ela tenha melhorado uns 30%. Agora ela consegue acompanhar mais as aulas e não tem vergonha de tirar as dúvidas”, ressalva Rosângela. A falta de esclarecimentos dos professores de Laura foi gritante, já que nenhum deles percebeu suas dificuldades. Esta mesma situação ocorreu também com Gustavo de 10 anos. Sua mãe, Elenice Luisa dos Santos comenta o despreparo na rede privada de ensino também: “Demoraram três anos para perceber que havia algo errado com meu filho. Os professores não estão empenhados em investigar isto”. Gustavo que também tem TDHA demonstra estar mais seguro agora, segundo Elenice. Para que mais crianças possam ser ajudadas, há alguns desafios. “Precisamos ampliar o espaço, criar uma brinquedoteca para realizar um trabalho interdisciplinar e psicopedagógico. Além disso, seriam necessários mais parceiros e outros tipos de profissionais trabalhando conosco. Este seria o maior dos sonhos”, desabafa Geneci.
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