A estrada da mulher ainda é longa, mesmo com os caminhos percorridos, conquistas e ainda tantos desafios a enfrentar no mundo moderno, com o avanço da tecnologia, mudanças sociais, abertura no mercado de trabalho e as desigualdades de salário que ainda imperam no mercado corporativo.
Falar de mulher é preciso lembrar de Simone de Beavoir, escritora, feminista e filósofa existêncialista, nascida em 1908 em Paris. Em usa obra mais marcante ‘O Segundo Sexo’ , a frase célebre “On ne naît pas femme, on le devient” (” não nascemos mulheres, tornamo-nos mulheres”), faz todo sentido, pois ser mulher nos exige uma conduta comportamental. Parodidando Gonzaguinha, na letra da música ‘Ser, Fazer e Acontecer”, (…) que uma mulher pode nunca é deixar de ser e fazer e acontecer(…).
Ressaltar, destacar e dissertar sobre todas as mulheres célebres de outras épocas e também desta geração, seria realmente belo, mas ao meu modo de ver, muito óbvio. Não desfavoreço a história de cada uma, mas muitas tiveram o apoio familiar, estrutura financeira, uma “base” para chegar, onde sonharam.
Desta vez, quero lembrar as mulheres ‘invisiveis’, que muitas, não enxergamos seus rostos, desconhecemos onde moram, seus nomes, sua história. Saem de casa de madrugada, muitas levando marmita e deixando em casa filhos pequenos, em um bairro de periferia, lutam diariamente, entre ônibus e trens lotados, voltando aos seus lares, somente tarde e cansadas, Boa parte, ou maioria, não disponho neste momento de estatística, mas acredito que muitas, são chefes de família.
Estas ‘Marias’, são as mulheres que (não desmerecendo as outras), são ao meu ver, as merecedoras de homenagens. Uma vida difícil, sem confortos, sem acesso a informação, tentam educar seus filhos, mesmo ausentes, ‘vestir, alimentar, prover, acompanhar na escola, levar ao médico’…e tudo isto com baixo orçamento. Muitas são domésticas, faxineiras, copeiras, balconistas de lojas, atuam em salões eteceteras. Outras, também sozinhas, dependem destas “Marias”, para trabalhar, e atuam como professoras, administradoras, entre outras atividades, e assumem igualmente o papel de ‘pai e mãe’, dentro de um lar.
Se você um dia, tiver oportunidade de conversar, com algumas mulheres, com este perfil, perceberá como elas vivem. Suas angustias, dificuldades, e mesmo assim apesar de todo esforço, são mulheres alegres, fortes, e como escreveu Beavoir: ‘tornaram-se mulheres’.
Escrever sobre mulher, é infinito. Nos coloca dentro de um universo repleto de histórias fortes, tristes, emocionantes, repleta de superações. O preconceito existe,mas basta olharmos com carinho o mundo de hoje e percebermos que alcançamos muitas vitórias.
Mulheres no poder político, governando uma nação, na saúde, do mercado executivo, no transporte coletivo, na polícia, e tantos orgãos já possuem profissionais com destaque.
Mas, o meu olhar de respeito, carinho e afeto, continua sendo para as ‘Marias’ invisíveis. Pois elas são nossas ajudantes, nossas auxiliares para conduzir a vida, e muitas delas, deixam sua vida para cumprir a nossa jornada.
Feliz Dia das Mulheres a todas, principalmente as vencedoras ‘invisíveis’.
Márcia de Sá Motta, jornalista, poeta, escritora