Por GJ, direto da Redação
Apesar de ser um assunto de ampla discussão, a municipalização do trecho da Régis Bittencourt ainda gera dúvidas dos taboanenses, embuenses e de toda a população que transita pela BR-116. Para responder os questionamentos, o podcast Na Redação, do Taboão em Foco, recebeu no último domingo (18), o secretário municipal de transporte, José Vanderlei, e o secretário de habitação, Nílcio Regueira.
Durante o bate-papo, que você pode assistir no canal do YouTube do Taboão Em Foco, os secretários explicaram o impacto efetivo da municipalização na região. Vários pontos sobre as mudanças que devem ocorrer na nova via apontam para um impacto estrutural grande. Passarelas, semáforos entre outros equipamentos prometem gerar mudanças no trânsito.
Assista ao papo na íntegra:
O que é a municipalização e o que muda na rodovia?
O primeiro ponto é que o trecho, de quase 7km da rodovia Régis Bittencourt, também conhecida como BR-116, basicamente se tornará de responsabilidade do município. Em uma forma mais fácil de explicar, a Régis Bittencourt se tornará uma espécie de avenida durante o trecho urbano. De acordo com os secretários, com a mudança, a prefeitura vai poder ter mais controle tanto no âmbito do transporte, como um impacto nos imóveis que existem no entorno da via. Até mesmo as passarelas estão previstas para serem rediscutidas a necessidade de existência de algumas, já que podem ser substituídas por faixas de pedestre.
Quais serão as intervenções?
O projeto prevê seis intervenções, que em alguns pontos prometem reduzir o trânsito de um fluxo de 2.500 veículos para 500, por exemplo. De acordo com Vanderlei, há apenas uma possibilidade de retorno em Taboão da Serra atualmente (sem considerar as extremidades em Embu das Artes e na Praça Nicola Vivilecchio): o viaduto Paulo Ayres.
“Se você quiser sair antes de chegar no viaduto, você vai ter um problema. São 1700 carros no pico hora. E dali para frente, em média, 5 mil veículos. 50% seguem para o sentido norte, para São Paulo e 50% vão para a Praça Nicola Vivilechio. É gente que está se movimentando de Taboão para Taboão. O que vamos fazer é oxigenar e gerar a conexão do município”, elucida o secretário.
Quem paga a conta?
Atualmente, o custo de operação da rodovia era da Arteris, concessionária que administra a rodovia. Com a municipalização, o custo vai para os cofres de Taboão da Serra. Porém, o secretário de habitação projeta um impacto controlado. “Temos um potencial de receitas que têm a ver com o custeio. Além disso, temos a estimativa da ampliação de receita com aproveitamento dos imóveis no em torno.
As opções de arrecadação, de acordo com o Nílcio, também contam com o plano de mitigação de impacto e contrapartidas que empresas da região, no em torno da rodovia precisam ter.
E a alça de acesso do shopping, vai sair?
Por falar em plano de mitigação, uma delas é a tão discutida por décadas a construção da alça de acesso do Shopping Taboão. Com a municipalização significa que ela vai enfim sair do papel? Não necessariamente. “A alça é uma opção. É uma das possibilidades. Mas a gente percebe que ela é inviável enquanto projeto. Mas se você analisar de 2024 para trás, já surgiu uma outra possibilidade: a transposição em nível”, explica Vanderlei.
Com mais detalhes, Nilcio relembra o impasse histórico sobre a alça e enfatiza que outros opções podem ser mais viáveis. “A aprovação do projeto que inclui essa alça quando o shopping foi aprovado em 2001. Na aprovação da primeira ampliação do shopping foi revisto e a obrigação era uma elaboração de estudo para pensar em alternativas exatamente pela inviabilidade da alça projetada inicialmente. E a obrigação passou a ser buscar soluções para mitigar o impacto que o shopping causa no trânsito e resolver esse imbróglio no sentido sul”.
A alça perde o sentido. Com todas essas intervenções previstas, a alça afunilaria trânsito na região do Franco Montoro.
Uma outra fonte de receita que saiu das mãos da concessionária é a exploração das placas de comunicação ao longo da rodovia, que agora serão do governo de Taboão da Serra.
+ sobre a municipalização
No dia 8 de fevereiro, foi publicado no Diário Oficial da União a deliberação da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestre) que excluiu do contrato de concessão com a Autopista Régis Bittencourt o trecho de Taboão da Serra, km 268,9 até o km 275,450. A empresa era responsável pela gestão da rodovia de Taboão até Curitiba (PR).
A proposta de municipalização da Rodovia Régis Bittencourt tem mais de uma década, mas nunca avançou por falta de empenho político. Havia a luta, inclusive, da construção de um retorno na divisa entre Embu e Taboão. Em 2015, uma reunião em Embu das Artes culminou com a troca da construção das marginais (cerca de 20 km) por obras de combate à enchente.
Vizinho opositor
O prefeito Ney Santos se posicionou publicamente contrário a municipalização porque acredita que pode “piorar muito” o trânsito na rodovia entre as cidades de Embu das Artes e Itapecerica da Serra, cidades castigadas pelo fluxo intenso de carros e caminhões, oriundos do Rodoanel Mário Covas.
Aprígio sobre quem é contra a municipalização: “Ou é questão política, ou é ignorante”
Em discurso durante evento que marcou a municipalização do trecho da rodovia, o prefeito Aprígio afirmou que há apenas duas formas de não concordar com a municipalização: ou se a pessoa estiver agindo politicamente, ou, como disse o prefeito, se ela for ignorante no assunto. “Para aqueles que desconhecem, para aqueles ignorantes no assunto, que [dizem] que o Aprígio não sabe construir estrada, daqui a 5 ou 6 anos eles vão ver, já que muitos deles moraram no apartamento que o Aprígio construiu e vão andar na estrada que o Aprígio também construiu para eles aprenderem como se administra”, disparou.