Najara Costa escreve sobre o “Dia Internacional da Mulher”

O dia 08 de março, consagrado como dia internacional da mulher, se conecta a fatores histórico-políticos sendo um marco para se provocar a igualdade das mulheres. A nível de Brasil, é necessário destacar que os poucos direitos duramente conquistados, são ameaçados de aniquilamento a cada dia, muitas vezes encobertos por uma narrativa falso moralista que tenta desqualificar a importância da conscientização e do comprometimento com a equidade.

É notório pensar que a luta por direitos implica em observar a relação entre a igualdade formal e a de fato circunscrita em nosso meio social. Mulheres refletem a maioria numérica da população, mas estão subrepresentadas em espaços institucionais, dentro daquilo que se refere a funções que demandam reconhecimento, prestígio e/ou melhores remunerações. Somado a isso, a imposição do trabalho doméstico, acrescido dos cuidados com os filhos, resulta em dupla ou até mesmo em tripla jornada de trabalho, que é, infelizmente naturalizada enquanto função feminina.

Se por um lado temos tímidos avanços em nossa legislação por meio da Lei Maria da Penha, além da qualificação de feminicídio aos homicídios direcionados à realidade da vítima ter o sofrido pelo fato exclusivo de ser mulher, por outro temos um mapa da violência que escancara o Brasil como um país que possui altíssimas violações no que se refere à violência de gênero, especialmente direcionadas às mulheres negras e população LGBTQI, que perfazem os grupos sociais mais vulneráveis.

Em uma sociedade estruturalmente machista e fundada no patriarcalismo como a nossa, a compreensão sobre a sujeição de mulheres precisa conduzir maior responsabilização, especialmente entre os nossos governantes/as representantes/as. Para tanto, mais do que flores no dia 08 de março, é preciso que se conduzam políticas públicas efetivas e direcionadas, além de maiores oportunidades, condições e respeito no decorrer do ano todo. Resistiremos para que possamos existir!

Najara Costa, é socióloga, professora da Faculdade Zumbi dos Palmares e pré-candidata pelo Psol à prefeitura de Taboão da Serra.

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