Adilson Oliveira, em Embu das Artes
Líder petista na região, o deputado estadual Geraldo Cruz acreditava que Luiza Erundina (PSB) não ia desistir de ser vice na chapa de Fernando Haddad na disputa pela prefeitura de São Paulo. Deputada federal e ex-prefeita da capital, a socialista anunciou na terça-feira, dia 19, deixar o posto em protesto contra a aliança do PT com Paulo Maluf, colega de Câmara dos Deputados e que também já governou a cidade. Disse que não aceitava pedir votos com o adversário histórico.
“Erundina não vai desistir. Como qualquer outro, não quer andar ao lado do Maluf, como eu não quero andar, não é uma opção. Erundina vai continuar sendo vice do Haddad, e ele vai ganhar a prefeitura de São Paulo”, disse Geraldo Cruz, ex-prefeito de Embu das Artes, no início da tarde de terça-feira, mesmo diante da informação passada pela reportagem de que a ex-prefeita já falava em rever a posição de compor com o ex-ministro da Educação – anunciada poucas horas depois.
Geraldo disse que a aliança é necessária para vitória em São Paulo, mas é com o partido e não com o dirigente máximo da sigla no Estado. “Precisamos ganhar a prefeitura, e é importante o apoio do PP. Não é da figura do Maluf, infelizmente ele é o presidente, ou felizmente. Mas é importante trazer apoio e somar”, afirmou. Ressaltou que o “apoio de Maluf” não significa que terá influência no programa de governo do candidato petista nem “ingerência” em eventual gestão.
Ele negou ligação entre o apoio do partido e a entrega de cargo na Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental a um aliado de Maluf, engenheiro Osvaldo Garcia. “Não é verdade. O PP está no Ministério das Cidades desde o governo Lula”, disse. O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria da Presidência), no entanto, disse que ocorreu mesmo “uma troca [de cargos], como tem havido em qualquer negociação”. Apesar da prática, Geraldo disse que “nós [PT] somos ideológicos”.
Geraldo contemporizou sobre Maluf ser associado ao “rouba, mas faz”. “O que vamos fazer se a população votou nele e o levou para lá [Câmara]? Não concordamos com a prática do Maluf, condenamos a todo momento, mas ele não vai influenciar no governo”, repetiu. Ele ironizou os críticos à aliança ao citar que o PP integra o governo do PSDB no Estado, mas “não é absurdo para ninguém”, e que no passado os próprios tucanos repudiavam Maluf. O PSDB também disputava o apoio do PP.
“Como tática eleitoral, o apoio é bem-vindo, tem a ver com a questão do horário eleitoral – um minuto e meio a mais [tempo do PP] na TV conta muito em São Paulo”, avaliou Valdir Fernandes, o Tafarel, coordenador do PT na macrorregião. Apesar da aliança com o PT na capital, o PP aderiu ao PSDB em Taboão da Serra. De acordo com o secretário-geral Jesse Ribeiro, conforme a “Folha de S. Paulo”, “foi um pedido do governador Geraldo Alckmin” – que atua para eleição de Fernando Fernandes.