Projeto ‘João Taboão’ recupera a autoestima de crianças que perderam o cabelo em acidentes

Direto da redação, fonte BBC

A barbearia de Francisco Oliveira, 30, em São José dos Campos, cidade do interior de São Paulo, começou a ganhar popularidade nas redes sociais com vídeos de homens calvos e carecas recebendo próteses capilares que parecem ser seus fios reais.

Com a popularidade nas redes, pessoas que gostavam de seu trabalho começaram a enviar a ele vídeos da história de João, um menino que teve parte do corpo queimado em um incêndio acidental em sua casa quando tinha dois anos e meio.

Francisco conta que o vídeo que postou de João se divertindo no salão acabou viralizando, e logo chegaram mais pedidos de outras mães cujos filhos enfrentavam situações semelhantes. “A experiência com essa primeira criança mudou tudo”, diz ele.

“Foi a partir disso criar um projeto beneficente que atendesse especificamente a crianças que sofreram acidentes, queimaduras ou outras situações que causaram perda de cabelo, incluindo casos de nascimento com deformações no couro cabeludo.”

O projeto, que foi batizado de ‘João Taboão’ por conta do filho de Juliana, começou atendendo três crianças por mês, e posteriormente Francisco e sua equipe lançaram uma campanha de financiamento coletivo que permitiu que pessoas de todo o Brasil contribuíssem, ampliando os beneficiados. Até o momento, 23 crianças já foram atendidas.

“Foi um desafio significativo aplicar a prótese capilar nessa situação, mas conseguimos criar um visual natural para ele, que ficou extremamente feliz.”

Infelizmente, a pele de João não se adaptou à prótese. “Ele tinha um ponto na cabeça que acabou inflamando, e achamos melhor não usar mais”, conta a mãe. Mas sua visita abriu as portas da barbearia a outras crianças.

Como funcionam as próteses capilares

Francisco explica que as próteses são feitas de um tipo de silicone extremamente fino, com fios de cabelo humano inseridos na base. As peças são importadas da China.

“E onde encontramos o melhor material, que proporciona um visual muito natural, semelhante ao cabelo humano. As crianças atendidas têm uma capacidade incrível de se adaptar e aceitar sua nova aparência com naturalidade, o que é inspirador.”

Os profissionais usam fita adesiva de dupla face para fixar a prótese no couro cabeludo. Após cerca de 15 dias, a aderência da fita começa a diminuir, e os clientes precisam marcar uma manutenção para remover a prótese, higienizá-la e aplicar uma nova fita adesiva.

“Para quem mora longe da barbearia, ensinamos tanto às crianças quanto às mães como realizar a manutenção em casa. Fornecemos a elas um kit que inclui fita adesiva, removedor, produtos para hidratar o cabelo e um vídeo tutorial. Isso é fundamental, já que as crianças atendidas no projeto vêm de diferentes partes do Brasil.”

A equipe de Francisco é composta por seis pessoas, incluindo quatro barbeiros que realizam as aplicações de próteses capilares masculinas.

“À medida que a empresa cresceu, eu comecei a me questionar sobre se não haveria um propósito maior para o nosso trabalho. O projeto entrou em cena para responder a essa pergunta.” “Atender essas crianças se tornou uma missão para nós, e percebemos que podemos fazer a diferença na vida delas. É uma forma de retribuir a bênção que tivemos em nossa empresa. Estamos gratos por essa oportunidade de ajudar o próximo.”

Hoje, podemos atender mais crianças, e o projeto não tem custo para elas. Até mesmo crianças de outros estados podem ser ajudadas com passagens aéreas e outros custos cobertos.

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