Por Allan dos Reis, em Embu das Artes
A sessão da Câmara Municipal de Embu das Artes, realizada na quarta-feira, dia 4, foi marcada pela presença dos servidores públicos do município que estão em greve desde a última semana, devido ao não pagamento dos salários na data que era tida como oficial para a remuneração dos funcionários. Apesar do apoio manifesto por grande parte do legislativo, houve bate-boca entre representantes dos sindicatos e o vereador Luiz do Depósito (PMDB), que os acusou de “aproveitadores de ocasião”.

Os servidores lotaram a Câmara e apresentaram uma lista de exigências, cobrando a atenção dos vereadores para casos como assédio moral, o não pagamento do dissídio coletivo fixado para o mês de setembro e as más condições de trabalho na administração em diversos setores.
De acordo com a representante do sindicato dos professores (Siproem) e professora da EJA, Viviane Vieira, a greve decretada após uma tentativa frustrada de acordo com a administração municipal para o pagamento dos salários na data de costume praticada pela prefeitura a mais de 10 anos resultou num descontentamento geral e na evidenciação de que a casa não está em ordem.
“Nossa manifestação transcendeu a questão do salário. Agora estamos brigando por questões de trabalho dignas para exercer nossas funções. Professores brigando por melhores condições de trabalho, o transporte, o pessoal da Saúde também. Faz tempo que nós vivemos em uma situação de trabalho precária”, acusou a servidora.
Segundo Viviane há um sucateamento da Educação e da Saúde, situação que não ganha os holofotes devido ao assédio moral praticado pela administração do município. “Escolas que são pintadas pelo lado de fora e recebem o status de reformada, mas que a lousa está trincada, goteiras em todo o prédio e uma série de situações que ninguém fala”, disse.
A escola citada é identificada por Reinaldo Ramos de Saldanha que era estadual, mas foi assumida pela municipalidade, de acordo com funcionários, há dois anos.

VEREADOR INDICA CUMPLICIDADE DO SINDICATO DOS SERVIDORES A ADMINISTRAÇÃO
O vereador Luiz do Depósito (PMDB) acusou o representante do sindicato dos servidores de Embu, Sebastião da Costa da Paixão, o Paixãozinho, de cumplicidade junto a administração municipal, o que revoltou os servidores públicos presentes à Câmara. Exaltado, o vereador disse que o sindicato era conivente com a atual situação dos servidores e nunca trouxe uma demanda sequer à Câmara.
O bate-boca isolado precedeu a discussão sobre uma reunião feita entre o prefeito e os vereadores dos PT que compareceram a prefeitura no início do movimento de greve dos servidores. Vereadores das outras coligações indicaram não terem sidos acionados para que também pudessem intervir junto ao prefeito, na tentativa de amenizar o impasse causado.
Na sala de reunião, tanto o vereador quanto o presidente se desculparam pelas ofensas públicas.
MEDO DE REPRESÁLIAS
Após o encerramento da sessão, uma comissão de servidores públicos de Embu das Artes se reuniu com os vereadores para tratar sobre medidas que deveriam ser adotadas para que funcionários que propuseram a apontar as falhas da administração não sofressem represálias no futuro.
O GCM que também aderiu a greve, Deniz Putuviana, pediu aos vereadores que os funcionários não recebessem punições por estarem exercendo o direito da livre manifestação. De acordo com o motorista Antônio Henrique, por sua posição em eventos passados ele acabou arcando com o que ele denominou de “perseguição” de seus superiores. “Hoje eu faço o pior serviço devido a minha posição de se manifestar”, indicou.

Os vereadores demonstraram solidariedade aos funcionários e se propuseram a acompanhar de perto as reivindicações apresentadas.
Uma nova reunião será feita entre o prefeito Chico Brito e os servidores públicos na presença dos vereadores de Embu das Artes.