[Leia também: O Geoprocessamento e a Gestão Municipal]
O jornalista Bruno Anderson, apesar de participar da blindagem do sr. prefeito de TS, procura fazê-lo com bases técnicas e, graças a isso, ficamos sabendo que os abalizados estudos nos quais nossos IPTUs foram recalculados são da firma Guilherme Martins Engenharia de Avaliações, de SP.
No site da empresa ficamos sabendo que seu forte são plantas de valores, Plano Diretor, cadastramento imobiliário, pesquisa de mercado, avaliação patrimonial e econômico-financeira, geoprocessamento etc. Especializada em setor público, se propõe a, através da PGV, dar a conhecer à municipalidade ‘o valor da cidade para fins de lançamento do IPTU’.
Interessante ver o demo de seus trabalhos disponível no site da empresa. Para a prefeitura de Indaiatuba, por exemplo, fizeram o mesmo trabalho que fizeram para TS. No detalhe abaixo o critério foi fazer a avaliação por quadra, talvez mais realista do que o critério por ruas que foi usado aqui.
O geoprocessamento não é uma novidade, mas suas aplicações hoje em dia são imensas.
Para termos uma pálida idéia do que é este programa de tratamento de fotos que satélites permanentemente enviam de órbita para a terra, veja o Google Earth (ou Maps que usa o mesmo banco de dados), uma ferramenta que qualquer um pode ver no seu PC munido de banda larga.
Esta imagem é uma vista da Pça. Nicola Viviléchio capturada do Google.
As imagens do geoprocessamento não são públicas, a elas só podem ter acesso governos e empresas especializadas e habilitadas. Diferenças entre uma e outra:
Geoprocessamento: (1) imagens em tempo real; (2) nitidez com nível de detalhe de poucos metros do solo; (3) os bancos de dados sincronizados com as imagens geram, em segundos, mapas com a classificação legendada por cores ou gráficos e tabelas detalhados sobre o que foi solicitado; (4) um estudo técnico como o que foi feito em TS custa muito caro, daí só governos, grandes empresas e instituições poderem encomendá-lo; (5) se taxas ou impostos são gerados empregando esse processo, os tributados precisam saber antecipadamente, conhecer o sistema, terem um cálculo documentado em mão e concordarem com esse tipo de cobrança (eu sabia que havia geoproces. em TS, mas só o conheci quando mordeu o meu bolso).
Google Earth: (1) imagens de 2008 (não foram atualizadas); (2) nitidez até cerca de 20 metros do solo; (3) a única aplicação disponível para nós mortais é o mapa de ruas e a ferramenta que gera o trajeto de um ponto a outro, determinado pelos usuários; (4) é público e gratuito; (5) você tem acesso livre mas deve estar prevenido para quando começar a funcionar o Google Street que, além de tempo real, exibirá imagens como se você estivesse andando pelas ruas da cidade.
No Japão, onde já existe, uma senhora entrou no computador para ver vitrines enquanto o marido ia a uma reunião no escritório. De repente viu o carro dele (identificando pela placa) estacionado numa residência e, deslocando o visor, viu o sujeito no jardim aos beijos com uma gostosona e exigiu o divórcio. Muitas ações judiciais (só traidor entrou com três) por invasão de privacidade e danos morais e pecuniários foram impetradas contra o Google que, agora, ‘borra’ os rostos e as chapas dos carros.
José Sudaia Filho
Morador de Taboão da Serra
Organizador do livro: Taboão da Serra na virada do milênio
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