Por Gilmar Júnior, direto da redação
O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) julgou há pouco, nesta quinta-feira (16), a greve dos trabalhadores de Taboão que durava mais de 20 dias e decidiu que a classe patronal terá que conceder os 9,5% de reajuste salarial aos profissionais da limpeza urbana. Além do aumento, os profissionais terão 90 dias de estabilidade garantidos no emprego e o direito a receber pelos dias em que estiveram parados.

Conforme relata o presidente do Siemaco (Sindicato dos trabalhadores em empresas de Limpeza Urbana) Taboão da Serra e região, Donizeti França, a decisão é uma vitória para os trabalhadores. “Nunca tinha uma visto uma greve tão intransigente como essa. Tanto por parte da empresa (Cavo) quanto por parte da administração pública. Gostaria de pedir desculpas a população taboanense pelo transtorno, mas a gente precisa de um salário digno para poder prestar melhores serviços”, disse.
A paralisação dos coletores havia sido suspensa desde a última quarta-feira (15) quando o Siemaco, representado pela Femaco (Federação dos Trabalhadores em Serviços, Asseio e Conservação Ambiental, urbana e Áreas Verde no Estado de São Paulo) decidiram acatar a sugestão do TRT em suspender a greve com a intenção de que a situação se resolvesse no julgamento. Durante todas as audiências realizadas tanto a classe dos coletores, quanto o sindicato patronal, o Selur (Sindicato das empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo), não chegaram a um acordo.
A GREVE

Após pedir 11,73% de aumento ante uma inflação de 7,9% e 6,5% ofertados pela Selur, os dois lados diminuíram e aumentaram, respectivamente, suas propostas para chegaram aos valores que entraram em discussão nas última segunda. “Entre os 8,5% (oferecido pelo sindicato patronal) e 9,5% (pedido pelos trabalhadores) a diferença é de R$ 10. É pouco, mas faz diferença para um trabalhador”, salienta França. Atualmente, um varredor recebe R$ 982 e mais R$ 536 em benefícios, já o coletor, tem o salário de R$ 1134 e mais R$ 520 de benefícios.
Criticado pelo sindicato por não participar ativamente da resolução da greve, o prefeito Fernando Fernandes se defendeu durante o período de paralisação ao dizer que a empresa era terceirizada e que o que poderia fazer seria solicitar que o acordo em caso como o que se deu no final do último mês. “Não devemos nada para a empresa (Cavo). Temos um documento aí que comprova isso. Estão falando por aí que a greve é por causa de R$ 10 e que nós não damos esse aumento. A responsabilidade por isso é da empresa. O que podemos fazer é cobrar os 70%”, explica.
AMEAÇAS
Com a dificuldade para chegar a uma decisão final após as primeiras audiências, além do lixo acumulado pela cidade, o 70% do efetivo profissional, que a categoria afirmou que colocou durante o período de greve, chegou a ter a segurança posta em perigo. “Está ficando ainda mais difícil. Nosso trabalhador está sendo ameaçado. No domingo (5), no Jardim Scândia, quatro pessoas armadas ameaçaram membros da equipe de coleta. A sorte é que uma viatura passou perto bem na hora e eles fugiram”, contou França no início do mês de abril.
Ainda durante o período, conforme revela o presidente, uma equipe teve o caminhão sequestrado no Parque Laguna. Após localizar o veículo pelo rastreador foi constatado que um homem com deficiência mental havia conduzido o veículo até sua casa, estacionado em frente a residência e, posteriormente, ido dormir. A equipe fazia uma rápida pausa em uma lanchonete da região. Ele afirma que ainda ocorreram protestos no Jardim Trianon e no Jardim Margarida, locais em que moradores colocaram fogo em pilhas de lixo.
França comunica que a Cavo preferiu não registrar boletins de ocorrência nos casos citados.
