Ternos e Gravatas. Esse era o figurino exclusivo na Câmara de Taboão da Serra até a chegada, na terça-feira, dia 6, da suplente Fausta Leite (PSB) que assume a vaga do vereador Arnaldo Clemente dos Santos, preso desde o dia 3 de maio e que pediu licença do cargo por 45 dias. Nas eleições municipais de 2008, ela teve 1.017 votos. Em 2010, Fausta também concorreu ao cargo de deputada estadual e teve 2.623 votos.
Com um maior número de eleitores do sexo feminino (53,83% do eleitorado), a cidade não tinha representação feminina no poder legislativo desde o fim de 2004. A última vereadora eleita é a atual Secretária de Assistência Social, Arlete Silva. Na região do Conisud, agora apenas a cidade de São Lourenço da Serra não tem uma mulher como vereadora.
Por enquanto é por um curto período de 45 dias, mas que podem ser prorrogados e, quem sabe, virar definitivo caso a justiça condene o vereador licenciado.
Neste período, Fausta promete se empenhar para que a câmara volte a ser uma “casa de leis e não de bagunça”.
LEIA ABAIXO A ENTREVISTA COM A VEREADORA FAUSTA
Como foi essa sua primeira sessão na câmara de Taboão?
– Olha, um pouco tensa, por ser a primeira vez e até um pouco pela situação que estou aqui [devido a prisão dos vereadores] e tudo mundo sabe disto. Mas achei muito bom, aprendi bastante coisa e vi realmente como funciona e como é séria. Pena que as pessoas acham que não é séria. Aqui é uma casa de gente séria. E eu tenho certeza que na próxima sessão eu vou estar tirando de letra.
A câmara de Taboão não tinha uma mulher como vereadora desde 2004. Como você se sente por representar a volta da mulher?
– Realmente faz bastante que não tem uma mulher e eu me sinto lisonjeada por isso e por algum motivo estou aqui e estou feliz por ser uma mulher que está aqui. E quero agradecer o povo porque acreditaram em mim e colocaram uma mulher como suplente e por motivo de força maior [prisão dos vereadores] acabei assumindo. E por isso me sinto lisonjeada e feliz.
Quais são os seus objetivos nesses 45 dias?
– Meu objetivo é ajudar muito aqui. Os vereadores estão passando por uma fase muito difícil. Tem que reerguer a moral da câmara que foi jogada no lixo e as pessoas estão vendo assim. E a câmara tem que ser resgatada novamente. Ela tem que voltar a ser conhecida como gente séria. Uma câmara que é de leis e não é de bagunças. Estou aqui para ajudar e fazer tudo ao que estiver ao meu alcance. Ajudar no que for possível. A população, no que precisar da gente, nós estamos a disposição. E as minhas colegas e mulheres que precisarem também podem contar comigo. A gente tem que reerguer a câmara novamente.
Como foi a reunião em que você estava na sala com outros 11 homens (vereadores)? Você se sentiu constrangida?
– No início sim. Mas graças a Deus são todos amigos e me deixaram a vontade. Mas eu fiquei meio constrangida sim. Ai eles [vereadores] já entraram brincando. “Cuidado. Não fala besteira. Hoje tem uma mulher”. E eu disse: “É isso ai. Tem que me respeitar”. A menina [copeira] trouxe o café e eu disse que agora ela pode entrar a vontade porque tem mais uma mulher e eles não podem falar bobagem. (Risos). Eles foram muitos legais comigo.