Por Allan dos Reis, no Jardim Helena
O requerimento que pede a abertura do processo de cassação do vereador Luiz Lune (PC do B) por quebra de decoro apresentado pelo vereador Eduardo Lopes (PSDB) foi lido na Câmara nesta terça-feira (14) após longas horas de negociação na sala de reunião. O documento agora será encaminhado a Comissão de Justiça e Redação para ditar o rito do julgamento. Três vereadores devem ser eleitos para compor a comissão de ética.
Mas antes de o documento ser lido em plenário, os vereadores ficaram em exaustivas reuniões e chegaram a convidar o ex-vereador Paulo Félix, hoje no PC do B, para tentar chegar a um acordo. Apesar de não divulgarem, o acordo teria sido quebrado quando o Lopes, acusado por Lune de tentar extorquir o presidente da Cooperativa Habitacional Vida Nova, Aprígio, foi à tribuna.
“O vereador Luiz Lune subiu a essa tribuna, só que agora de forma mais enfática, já que havia feito isso a mais ou menos um mês e depois pediu desculpas. Na ultima quinta-feira (dia 9) ele traz novamente esse tema na tentativa de denegrir a imagem deste vereador que investiga irregularidades [no processo de desdobro da Avenida Vida Nova]. Nas palavras de Lune eu extorqui o investigado. Foi uma acusação muito leviana”, afirma Lopes.
Ele pediu que o acusador apresente “provas cabais” da extorsão. “Eu desafio o senhor. Caso haja provas cabais. Se tiver um vídeo, um áudio, provas documentais. Se houver, você pode apresentar na comissão [de ética] que vai ser criada. Só não me venha com testemunhas. […] senão eu também posso dizer, que no auge de stress, inclusive parlamentares, dizem muitas bobagens e nem sempre trazemos para tribuna, como o comentário de que o senhor teria aceitado a bagatela de R$ 600 mil para ser o candidato a vice do Aprígio [nas eleições deste ano]”, acusou Lopes.
Em seguida, o tucano atacou a “moral” do comunista por acordos não cumpridos ao longo de sua carreira política desde a época em que foi vice-prefeito de Taboão da Serra [1993-1995] e deputado estadual.
“Você foi eleito vice-prefeito com [Vicente] Buscarini e saiu como deputado estadual e não honrou o acordo com o Paulo Silas, que seria o candidato a prefeito. Segundo, quando assumiu na Assembleia Legislativa, o senhor votou contra o seu próprio partido, esse é o Lune. Nas eleições de 1996, na antiga Praça Luiz Gonzaga o senhor fez um coro contra o Buscarini e em 2000 chama ele para ser o seu vice”, enumerou.
LUNE AMEAÇA ‘IMPLODIR’ A CÂMARA
Com uma cassação iminente, caso não apresente provas robustas, o vereador Luiz Lune partiu para o ataque e disse que prefere “morrer de pé a ter que viver de joelhos” e partiu contra o vereador Eduardo Nóbrega (PSDB), que na noite anterior foi acusado de agredi-lo nos corredores da Câmara.
E o elemento para ‘implodir’ seria o documento protocolado nesta segunda (13) em que solicita contratos firmados pela Câmara, desde 2013, quando Nóbrega exercia a presidência, até o momento.
“Muitos de vocês não sabem, mas protocolei um documento pedindo informações desta Casa: relação de todos os contratos firmados, relação de todas as licitações, relação de todas cartas convites firmadas, relação de servidores públicos que tem cargos de livre nomeados… isso fez com que exaltasse, um vereador [Eduardo Nóbrega] se sentisse inseguro e ele me agrediu”, ameaçou Lune.
Em seguida, voltou os ataques a “um sujeito que foi eleito Eduardo Paz e Vida”. Por que não usa mais esse nome? Porque foi expulso da sua igreja”, acusou. Em seguida voltou a criticar o Nóbrega e até começou a cantar em tribuna.
NÓBREGA DIZ QUE LUNE TENTA DESVIAR O FOCO
Depois de Lune, foi à vez do líder do governo Eduardo Nóbrega subir a tribuna e acusar o comunista de tentar “criar uma cortina de fumaça” para evitar a sua cassação por quebra de decoro. Sobre os pedidos de informações a respeito de contratos da Câmara, disse que tomou conhecimento “apenas hoje na discussão interna entre os vereadores”.
“O vereador Luiz Lune passou do limite quando chamou o vereador Eduardo Lopes de criminoso e não tem como provar. Só isso. Tentou uma armadilha ontem para criar uma cortina de fumaça e desviar o foco. A verdade é. Vossa Excelência está denunciado, pela primeira na história da Câmara, e poderá ser cassado. Eu gostaria muito que o plenário não fizesse isso porque ele está cassado pelo povo e não tem mais votos”, discursou Nóbrega.
Sem citar diretamente a agressão, ele afirmou que “se tiver algum homem em qualquer lugar do mundo, que queira agredir o vereador Eduardo Nóbrega terá reação imediata”, disse.