Por Gilmar Júnior, direto da redação
Mais uma reunião entre a classe dos coletores de lixo, Siemaco (Sindicato dos trabalhadores em empresas de Limpeza Urbana) e o Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo) representando a classe patronal, terminou sem sucesso. Segundo o presidente da Siemaco Taboão, Donizeti França, uma nova rodada de negociações está agendada para a próxima quarta-feira, dia 8, para tentar por fim a greve que já dura 13 dias.
A primeira negociação da semana colocou duas propostas em xeque: enquanto os trabalhadores pedem 9,5% de aumento os patrões oferecem 8,5%. “Sentamos para conversar e o juiz viu que em algumas praças estão atendendo o teto que foi aceito no ABC Paulista. Aí foi pedido para que o nosso sindicato emita um parecer com as cidades que já atingiram o teto”, diz França. Segundo o presidente, o sindicato patronal está protelando a decisão para que haja um julgamento.
Embu das Artes e outras cidades do ABC já chegaram a um acordo para a dissolução da greve após as empresas que atendem os municípios acatarem os 9,5% pedidos.
Coletores sofrem ameaças e caminhão de lixo é “sequestrado”
Com a dificuldade para chegar a uma decisão final, a situação está ficando insustentável. Além do lixo acumulado pela cidade, os 70% do efetivo profissional, que a categoria diz estar colocando nas ruas, chegam até a ter a segurança posta em perigo. “Está ficando ainda mais difícil. Nosso trabalhador está sendo ameaçado. No domingo (5), no Jardim Scândia, quatro pessoas armadas ameaçaram membros da equipe de coleta. A sorte é que uma viatura passou perto bem na hora e eles fugiram”, conta França.
Um dia antes, conforme revela o presidente, outra equipe teve o caminhão sequestrado no Parque Laguna. Após localizar o veículo pelo rastreador foi constatado que um homem com deficiência mental havia conduzido o veículo até sua casa, estacionado em frente a residência e, posteriormente, ido dormir. A equipe fazia uma rápida pausa em uma lanchonete da região. Ele afirma que ainda ocorreram protestos no Jardim Trianon e no Jardim Margarida, locais em que moradores colocaram fogo em pilhas de lixo.
França comunica que a Cavo preferiu não registrar boletins de ocorrência nos casos citados.
Sindicato cobra Prefeitura de Taboão
“A prefeitura não está fazendo a parte dela”, foi assim que definiu França. Segundo ele, apesar do programa emergencial implementado, que segundo ele não resolve a situação, o governo deveria agir e se manifestar para o fim da greve e por pressão para que o acordo seja feito com a Cavo, que é a empresa responsável pela prestação de serviços na região.
Após pedir 11,73% de aumento ante uma inflação de 7,9% e 6,5% ofertados pela Selur, os dois lados diminuíram suas propostas e chegaram aos valores que entraram em discussão nesta segunda. “Entre os 8,5% (oferecido pelo sindicato patronal) e 9,5% (pedido pelos trabalhadores) a diferença é de R$ 10. É pouco, mas faz diferença para um trabalhador”, salienta França. Atualmente, um varredor recebe R$ 982 e mais R$ 536 em benefícios, já o coletor, tem o salário de R$ 1134 e mais R$ 520 de benefícios.