Por Allan dos Reis, direto da redação
Sem acordo para votação do orçamento de 2019 da Prefeitura de Taboão da Serra, os vereadores travaram uma pequena guerra ‘santa’ na sexta-feira (14), quando reiniciaram a sessão que havia sido suspensa na terça.
Após verificar o quórum, a presidente Joice Silva (PTB) pediu para que “todos de pé” pudessem fazer a leitura do texto bíblico, como acontece a cada semana ao iniciar uma sessão.
“Sob a proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos, solicito a todos que, de pé, ouçamos a leitura de texto bíblico em devoção ao nosso Senhor Jesus Cristo, nos termos regimentais, seja efetuada pela vereadora Priscila Sampaio (PRB)”, leu a presidente Joice.
Assim que todos se levantaram, o novo presidente – que assume em 2019 – Marcos Paulo (PPS), pediu questão de ordem e se opôs a leitura com o argumento que estariam ferindo o regimento interno.
“Questão de ordem. Como a havia sido suspensa e estamos na mesma sessão, acredito que não seja necessário fazer a leitura do texto porque segue o rito da continuidade. Já foi feito. Não cabe”, diz Paulinho.
Joice então questionou se todos estavam de acordo com a não leitura do texto bíblico. Paulinho pediu que a decisão fosse embasada. Então Eduardo Nóbrega (PSDB) foi até a tribuna e pediu que fosse seguido o rito do regimento interno. “Nós não estamos em nova sessão. Estamos em continuidade a uma sessão, que se iniciou na terça. E foi suspenso após o pedido de um recurso de sete vereadores contra um ato da presidente da Câmara. […] Vossa excelência para com achismo e siga o regimento”.
Ronaldo Onishi (SD) reforçou que é continuação, mas “por um questão de respeito” pediu a “leitura do texto bíblico, porque a leitura da bíblica cabe em qualquer lugar”. Joice então sugeriu que fosse a voto a leitura ou não.
Então, Paulinho, que é pastor em uma igreja evangélica, ironizou. “Se quiser, depois da sessão, a gente lê toda a bíblica aqui. Não tenho dificuldade em ler a bíblia, gosto, aprecio, sou pastor. Leio a bíblia até de madrugada com todos vocês, mas não cabe uma decisão, seja da assessoria, que não esteja no regimento”, provocou.
Depois foi a vez do Cido (DEM) defender a leitura. Em seguida, ligada a uma igreja evangélica, Priscila Sampaio (PRB) defendeu a leitura e cutucou Nóbrega. “Está em regimento. É para seguir o regimento, vereador Eduardo Nóbrega, vamos seguir. Leia o artigo 213. O senhor é advogado, interprete a lei por gentileza”.
Ele ironizou. “A Priscila tem que aprender a lei o regimento. O artigo 213 permite que você interprete qualquer artigo do regimento. Mas qual artigo vai interpretar?”, respondeu.
Priscila retrucou. “Em primeiro lugar, chame de burra a sua esposa e sua família. A mim, não. Eu sei ler e muito bem”, esbravejou. E Nóbrega voltou à tribuna. “Quem chamou quem de burra aqui? Ela disse que eu tenho que aprender a ler o artigo 213. E eu disse que quem tem que aprender é ela. Acabou essa história de vitimismo. Aqueles que não apanharam durante dois anos vão começar a apanhar”, anunciou.
Após a reunião de líderes em plenário, a leitura do texto bíblico foi cancelada pela presidente. Minutos depois, Priscila se retratou com a esposa do parlamentar.