Por Allan dos Reis, no Jardim Helena
Na semana passada, o vereador Eduardo Lopes (PSDB) perguntou a vereadora Luzia Aprígio (PEN) em tribuna: “Com quem a senhora dorme há mais de 20 anos?”. Esse seguida completou o discurso, que recebeu críticas inclusive de vereadores governistas.
“Vossa excelência subiu várias vezes nesta tribuna para afirmar que não sabia de nada. Não sabe de nada que o Seu Aprígio, ou o seu marido, faz. Muito me chama atenção que a própria esposa, que há anos ou décadas, que habita ou dorme com o seu marido, não sabe de absolutamente nada”, completou Lopes.

Foi o estopim para uma revolta de dezenas de mulheres que se sentiram ofendidas e organizaram um grande protesto durante a sessão desta terça (24). Elas levaram cartazes com dizeres “Nós, mulheres, exigimos respeito!” entre outros como o que ressalta que as mulheres são a maioria no número de eleitores.
“Isso é machismo. Por que ele perguntou aquilo? A semana passada [retrasada] falaram que o meu lugar era em casa. Desta vez vem outro e pergunta com quem eu durmo. É preciso ter um pouco de respeito. Só não vou entrar com quebra de decoro [para tentar cassar o mandato do vereador] porque não tenho votos [na Câmara]”, desabafou Luzia por telefone na terça passada.

Na sessão de hoje, ela voltou a criticar Lopes. “O senhor me desacatou na terça e saiu correndo da sessão. […] Não estou aqui fazendo política. Estou para ajudar a população. Aqui tem muitos vereadores que já tem mais de um mandato, tem filhos de vereadores que trabalharam muito pela cidade, que conhecem o Seu Aprígio, e nunca chegou aqui falando que ele deu prejuízo para cidade. Foi isso que falei para o senhor”, discursou.
O outro alvo do protesto foi o vereador André Egydio (PSDB) que havia dito há poucos dias – por mais de uma vez – que o lugar da vereadora Luzia não seria no parlamento e que ela devia estar em casa. Ele se defendeu com uma Nota de Esclarecimento publicada nas redes sociais e leu em tribuna.

Logo após a sessão, o Taboão em Foco conversou com o vereador Lopes que reafirmou o seu discurso que “contextualizada é desprovida de machismo”.
“Eu não sou machista em hipótese alguma. Mulher pode ser o que quiser ser. A minha fala referente a excelentíssima vereadora Luzia Aprígio foi muito clara e muito prática. Eu contextualizei, primeiro fazendo uma referencia, que fala sobre cônjuge, a vida matrimonial. Mateus, Capítulo 7, Versículo 18. Palavra do senhor Jesus Cristo que recomenda ‘que o homem ao deixar os seus pais, vai unir a sua mulher, e ambos se tornarão uma só carne’. A Luzia e todos ouviram. Ai eu indaguei com quem ela dormia nos últimos 20 anos para que o marido não soubesse. Está acontecendo uma CPI há mais de 30 dias. Como pode o Aprígio [não] ser notificado [após] oito vezes e alegar nas redes sociais que não sabia. É muita covardia a sessão de hoje. As pessoas que estavam aqui tinha um lado. Eles ovacionaram a fala da Luzia. Tudo combinado. Repudio essa pecha que tentaram colocar em mim”, diz Lopes.