Por Allan dos Reis, na região do Morumbi
Faltam ainda mais de 50 meses – e um mandato por completo a ser cumprido – e o vereador Eduardo Nóbrega (PSDB), mais votado da história de Taboão da Serra com 6.033 votos – decidiu tornar público em um almoço com a imprensa a duas semanas que deseja ocupar a cadeira do atual prefeito reeleito Fernando Fernandes (PSDB), a partir de 2021.
“Chegou o momento. As urnas deixaram claro para mim que o momento é lançar, ou se colocar, a disposição do PSDB para uma candidatura ao executivo em 2020. Pode parecer muito cedo, mas é uma avaliação que se faz com o resultado das eleições que acabaram no domingo [dia 2]”, antecipou Nóbrega.
Ao longo da entrevista ele repetia que seria o candidato do PSDB, mas deixou claro que – com ou sem apoio da base – vai disputar a sucessão. “Eu vou colocar meu nome a Prefeitura de Taboão da Serra em 2020. Eu sou candidato em 2020 e pretendo ser o candidato do PSDB”, disse.
Fazendo questão de tecer elogios a todo instantes a família Fernandes, que além do prefeito, inclui a deputada estadual Analice Fernandes e o secretário de esportes Fábio Fernandes, o vereador reeleito e agora candidato a prefeito Nóbrega trabalha para conquistar o apoio de outros integrantes do chamado ‘núcleo duro’ do governo, que incluí uma série de secretários, a quem enfrenta certa resistência pelas críticas que fez em tribuna.
Além de conquistar o apoio, Nóbrega vai tentar minar que outros políticos da base lancem a sua candidatura, como também antecipou o vereador Cido (DEM). E para isso, ele pede ao prefeito regras claras que todos teriam que cumprir.
“Há possibilidades de a gente criar critérios objetivos para a gente evitar confrontos, que seria um suicídio da base. A situação de 2004 não pode ser esquecida porque foram sendo criados alguns nomes dentro da base [entre eles Paulo Félix e Arlete Silva, que acabou sendo a candidata que perdeu a Evilásio Farias]. E o Fernando teve uma parcela para contribuição para derrota porque esperou demais para que definisse o nome”, diz.
Ele espera que o nome seja definido logo após as eleições de 2018 para que haja tempo de discussão ampla com a base e possa conseguir conversar com diversos setores.
No próximo mandato, que começa só no dia 1 de janeiro de 2017, o vereador e candidato a prefeito promete sair de discussões pequenas com outros colegas e vai intensificar temas mais densos.
“Esses seis mil votos me tira de diversas discussões. Quando eu coloco uma possibilidade de candidatura, eu saio de discussões pequenas na Câmara. O vereador acaba disputando bairros”, diz.
Para mostrar que é de grupo, ele afirma ter aberto mão de disputar a presidência da Câmara Municipal e trabalha para eleger Carlinhos do Leme (PSDB), seu principal aliado no legislativo, que chegou à churrascaria com o parlamentar. A vereadora Érica Franquini (PSDB), reeleita, e o vereador Eduardo Lopes (PSDB), não reeleito, também acompanhavam o futuro candidato a prefeito. Ambos foram embora antes da entrevista.
Eduardo Nóbrega avalia que os candidatos que disputaram as eleições deste ano e perderam, atingiram o teto eleitoral. Aprígio, que teve quase 30 mil votos estaria em declínio, Buscarini com mais 23 mil votos teria atingido o seu teto e Evilásio Farias com apenas 7 mil votos decretou a sua morte política.
SECRETÁRIO DE MANUTENÇÃO DEVE PERDER O CARGO
O prefeito Fernando Fernandes ainda não anunciou quais serão as mudanças em seu secretariado, mas o líder Eduardo Nóbrega antecipou que o secretário de manutenção Orlindo de Jesus Domingos deve perder o cargo para dar espaço ao atual secretário de esportes Fábio Fernandes, que deve disputar o cargo de deputado federal em 2018.
“Eu acredito que se fosse convidado seria para manutenção, algo muito próximo dos bairros. Mas acredito que essa secretaria é chave e deve ser ocupada por alguém antes de mim. Que possa ocupa-la agora, mostrar um trabalho rápido para a eleição que se avizinhe antes da que eu pretendo”, diz.
LÍDER QUER ‘DESAPARELHAR’ A SAÚDE
Durante a conversa com jornalistas, o líder do governo Eduardo Nóbrega repetiu parte do discurso feito logo na primeira sessão após a eleição e afirmou que o sistema de marcação de consultas tem interferências da classe política, privilegiando um grupo de pessoas.
“[Há] um aparelhamento na saúde que temos que mudar. Conversei com o prefeito antes e hoje pela manhã [dia 6] e haverá choque na gestão da saúde”, admite Nóbrega.
Questionado se estava admitindo que há interferência no sistema de marcação de consultas, o vereador completou. “Exatamente. Houve de alguma maneira – e precisamos identificar qual foi – uma priorização no agendamento de consultas e exames, que atrapalhou o governo. É inegável isso. Alguns conseguiram acesso a saúde em detrimento a maioria da população. E quem percebeu isso foi a própria população”, explicou.
Ele promete lutar para blindar a secretaria de saúde, assim como está à secretaria de educação.
CUTUCADA
Mesmo sem citar o nome, Nóbrega criticou a postura do presidente da Câmara, Cido (DEM), que na primeira sessão após a eleição foi à tribuna e também anunciou que seria candidato a sucessão do prefeito Fernando Fernandes em 2020.
“Ninguém se coloca a disputar um cargo. A circunstancia e a conjuntura é que levam a disputa de um cargo. Vocês não estariam aqui [na coletiva] se soubessem que eu estava postulando algo distante da realidade. Temos fatos objetivos que me colocam como candidato a prefeito. Não adianta ir para tribuna da Câmara dizer que é candidato a prefeito. Isso é muito distante da realidade, muito vazio. E vocês não entram nesta”, ironizou.
Nóbrega também confessou que tem dificuldade de relacionamento político com o vereador Marcos Paulo (PPS).