Sueli Amoedo e outras mulheres falam sobre o Dia 8 de março

Por Sueli Amoedo, coordenadora dos Direitos da Mulher de Taboão da Serra

Falar do dia 08 de março, sozinha fica muito egoísta, por isso colhi o depoimento de várias colegas e amigas, que assim como eu trabalham no enfrentamento á violência contra mulher, estamos vivendo tempos difíceis de retrocesso e precisamos cada vez mais estarmos unidas em prol da mulher e de suas demandas, seja avançar no que pertine a direitos, sejam para manter os direitos até agora adquiridos, e lutar por nenhum direito a menos, temos que nos insurgir quanto a reforma da previdência, pois as mulheres são as maiores prejudicadas nessas novas regras de transição.

Sueli Amoedo, coordenadora dos Direitos das Mulheres de Taboão da Serra.
Sueli Amoedo, coordenadora dos Direitos das Mulheres de Taboão da Serra.

Lutar constantemente pela visibilidade da mulher e que nos sejam garantidos os direitos por equidade, não temos a pretensão de nos sobrepor aos homens, mas sim por iguais direitos, pois hoje já temos os mesmos deveres dos homens, muitas mulheres são arrimo de família, quando não são arrimo são responsáveis por boa parte das contas.

Temos que ter um olhar diferenciado para as Mulheres Homossexuais e Transexuais, e começarmos a trabalhar políticas públicas para elas, não podemos nunca nos esquecer das mulheres negras, dentro dos índices de violência são as que mais sofrem violência e também as que mais morrem.

Essa data é uma data de luta e temos que ir atrás dos nossos direitos, e sermos atuantes em nossos Municípios faz toda a diferença para nós mulheres”.


CONFIRA OUTROS DEPOIMENTOS

Ana Lúcia Keunecke (Diretora Executiva da ONG Mulher sem violência)

“Um dia de luta num mundo em que as mulheres não são reconhecidas como autônomas e plenas em sua cidadania. Um dia para lembrar ao mundo que sem a equidade, a violência, a fome, a miséria serão os atores da sociedade.

Mulher sem violência é o caminho para paz e equidade”.

 

Dra. Aparecida (Delegada da Mulher de Taboão da Serra)

“Nesse dia internacional da mulher em que relembramos uma série de fatos, lutas e reivindicações das mulheres da Europa e dos EUA por melhores condições de trabalho e direitos sociais e políticos, que tiveram início na segunda metade do século XIX e se estenderam até as primeiras décadas do século XX, temos muitas conquistas para comemorar, porém ainda há muito a ser conquistado, e somente com muito mais luta alcançaremos o que desejamos, a tão sonhada igualdade de gênero.”

 

Carla Martins (Presidente da Rede Internacional de Excelência Jurídica de São Paulo)

“Dia Internacional da Mulher

Um dia de reflexão para entender como respeitar a mulher e fazer seus Direitos prevalecerem nos 364 dias restantes do ano.
Seja inteligente, forte, sensível, feliz e acima de tudo MULHER!”

 

Luciana Ribeiro (Coordenadora de Enfrentamento a Violência contra Mulher e Diversidade Sexual)

“Neste 8 de março sejamos uma multidão para fortalecer a cada tempo e espaço nossa jornada marcada por lutas tão significativas, sem as quais não teríamos chego até aqui na perspectiva de alcançar a equidade de gênero.”

 

Maria Sylvia de Oliveira (Presidente do Geledes – Instituto da Mulher Negra)

“A pergunta é se o Feminismo Negro atrapalha as pautas do Feminismo branco?

Penso que há um equívoco nesta colocação. Não há como pensar um Feminismo hegemônico. É necessário haver espaço para todos os feminismos, o negro, o indígena, o transgênero, o das mulheres do campo, e outras. Estamos vivendo um período de grande ameaça a muitos dos direitos conquistados por nós mulheres (ainda que para muitas esses direitos não sejam uma realidade). O feminismo tem que ser espaço de múltiplas vozes”.

 

Silmara Conchão (Ex-secretária de Políticas para as Mulheres em Santo André)

“No ranking de 145 países, baseado em informações relativas à participação política e econômica e ao acesso à saúde e educação, o Brasil, aparece em 85º lugar. Dados divulgados pelo Fórum Econômico Mundial em 2015. E ainda há quem pergunte: Porque políticas para as Mulheres? NESTE 8 DE MARÇO, UM SALVE À RESISTÊNCIA DAS FEMINISTAS BRASILEIRAS!!!”

 

Ana Claudia Victoriano (Assessora da Coordenadoria de Enfrentamento à Violência contra Mulher e Diversidade Sexual da Secretaria da Mulher de Barueri)

“O dia 08 de março é uma mistura de luta e resistência!

Diante dos diversos retrocessos sociais sentimos o peso na Violação dos Direitos Humanos das Mulheres.

Embora muitos procuram comemorar esta data o que é um direito eu não vejo como motivo de festa diante das violações e violências contra às mulheres assistidas no cotidiano.

Não, eu não quero flores; quero direitos, quero respeito!

Basta de violência contra às mulheres!”

 

Luciana Marinho Albrecht (Administradora e pós-graduada em gerenciamento de Projetos)

“Ter um filho aos 18 anos definiu a minha trajetória pessoal e me transformou em uma mulher mais determinada, sofri preconceitos mas tive uma família ótima ao meu lado. Fazer faculdade tendo dois filhos não foi fácil, a pós então nem se fala, mas fui avançando. Hoje através dos meus livros tento inspirar as pessoas, principalmente jovens e crianças a encontrar sua força interior, a respeitar as diferenças e a importância da gentileza e da determinação”.

 

Fabiana Dal Mas Rocha Paes (Promotora do GeVid –SP)

O dia internacional das mulheres é um importante momento para reflexão sobre os avanços e os desafios no que diz respeito aos Direitos Humanos das Mulheres”.

 

Roberta Lídice (Ouvidora na Associação Brasileira de Advogados)

“8 de março: Dia Internacional da Mulher.

A conquista dos Direitos Humanos ocorre ao longo dos anos, com o objetivo de consolidar os direitos civis e sociais, bem como as garantias constitucionais. Temos como exemplo as mulheres, que somente conseguiram votar mediante muitas lutas. Em 1932, pela primeira vez na história do Brasil, tiveram o direito ao voto. A partir de um decreto do então presidente Getúlio Vargas, foi concedido tal direito às mulheres, porém, com muitas restrições. Somente em 1946 o voto feminino passou a ser obrigatório, ficando, assim, em total igualdade com o voto masculino. Nesse período, a advogada Mietta Santiago, uma mineira que havia estudado na Europa, teve um papel preponderante nesse processo. Depois de voltar da Europa, profundamente influenciada pelos ideais de cidadania modernos, Mietta descobriu que o veto ao voto feminino contrariava um artigo da Constituição Brasileira de 1891. Assim, depois de muita luta e pressão social, conseguiu tal direito, votando em si própria para deputada federal. Os Direitos Sociais estão vinculados ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, com fulcro na Carta Magna de 1988, sendo que não há que se proteger apenas a dignidade de uma determinada pessoa, mas a dignidade de toda e qualquer pessoa, de forma isonômica, coibindo qualquer espécie de discriminação. Lutemos por nossos Direitos e pelo pleno exercício da Cidadania! Lutemos a favor das mulheres!”.

 

Tatiane Moreira Lima (Juíza de Direito em exercício na Vara da Violência doméstica e familiar contra a mulher- Oeste São Paulo)

“Todos os dias 13 mulheres são mortas no Brasil. Segundo o Mapa da Violência de 2016 entre 2004 a 2014 houve um aumento de 11,6% no número de mortes de mulheres. No ano de 2014 mais de 52 mil denúncias efetuadas através do Disque 180. Deste número 77% das vítimas afirmam que apanhavam semanalmente, 80% delas tinham filhos e em 64% dos casos as crianças presenciaram as agressões. Em 2015 as denúncias saltaram para mais de 76 mil. Houve um aumento de 44%, o que significa dizer que em 2015, a cada 7 minutos uma mulher é agredida. Estudos mostram que o risco da mulher sofrer violência é 8x maior em casa do que na rua. Precisamos parar com essa cultura de violência contra a mulher, que atinge a família como um todo. Precisamos ir às escolas e, já na base da formação da criança, procurar introjetar nela valores contrários à violência e, quanto aos adultos, especialmente aqueles que figuram como réus nas Varas de Violência, fazer com que eles reflitam sobre suas atitudes e adotem novas posturas, abandonando o machismo tão enraizado em nossa cultura e nossa mente”.

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