Vereadores de Taboão ‘desconfiam’ de ação contra a Câmara e se preparam para guerra

 

Por Allan dos Reis e Samara Matos
Os vereadores de Taboão da Serra aproveitaram a sessão desta terça-feira (25) para demonstrar união e defesa contra a possível interferência de outro poder dentro do parlamento. Sem dar detalhes, eles relembraram as prisões ocorridas em 2011 dentro da Câmara e dizem estar preparados para “guerra” contra o inimigo, que ninguém quis revelar o nome.

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Vereadores de Taboão da Serra discursam pela união do parlamento e dizem prontos para enfrentar “guerra”

“Qualquer tentativa de agressão a esse Parlamento será rechaçada na medida que for o ataque e não importa quem seja. Doa a quem doer. Estarei com minha própria vida, liberdade, alma e espírito. Com todas as formas para defender o parlamento de Taboão da Serra. Conte comigo nobres companheiros para o que der e vier. E aquele que pensa que pode diminuir o parlamento de Taboão da Serra, recolha as suas armas ou prepare-se para a guerra porque será uma guerra trágico como nunca antes vista em Taboão da Serra”, discursou Eduardo Nóbrega (PSDB), o primeiro a entrar no tema.

Em seguida, foi a vez do presidente Marcos Paulo (PPS) relembrar as prisões de vereadores e defender a Câmara. “Vimos num tempo, não muito distante, quando o Parlamento foi agredido, perseguido e exposto [em 2011]. E lá, quando começou, alguns não deram a devida importância. De entender a importância de proteção e coleguismo de um com os outros e o parlamento foi rechaçado. Fazemos parte, de uma nova safra de políticos na cidade, safra essa que é responsável de levar essa boa imagem que estamos resgatando do Parlamento”, diz.

Questionado durante coletiva quais são as ingerências que os vereadores estão temendo, ele respondeu. “Qualquer tipo. Ingerência partidária, ingerência política, discordância pessoal com qualquer outro membro da casa visando expor questões políticas, tentando de alguma forma descredenciar a nova safra no sentido de que a gente não teria o que apresentar”, diz Marcos Paulo.

Ele negou que seja um recado ao prefeito Fernando Fernandes (PSDB), como alguns apontaram. “Não é recado para o prefeito. É recado para a cidade toda. E o prefeito está dentro da cidade. Como todos os vereadores e outras lideranças políticas. Não só para cidade, mas para toda região também. É um recado institucional. De união”.

O Taboão em Foco conversou com vereadores e servidores do legislativo que evitaram dar detalhes concretos. Dizem apenas que a informação – não oficial – é que dois ou três vereadores poderiam estar na mira da Justiça, sem citar por quais motivos.

Nas ruas, alguns suplentes também tem explanado a esperança de assumir uma vaga no legislativo “ainda neste mandato”. Por isso, aliás, alguns deles se recusam a mudar de partido.

Um a um, quase todos foram à tribuna reforçar o discurso de união e se colocaram a disposição para guerrear contra o inimigo, que não teve a identidade revelada.

O vereador André Egydio (PSDB) tentou em vão descobrir quem é o inimigo. “Nós estamos em um Parlamento forte e a gente está disposto, se necessário, guerrear para defender o Parlamento. Agora, precisamos saber, quem é o inimigo. O duro é quando não sabemos quem é o inimigo. Aí a covardia é pior. Quando a gente sabe e encara o inimigo de frente, a guerra é boa”, diz.

Outros vereadores saíram em defesa da Câmara e prometem entrar na guerra.

Cido (DEM): “Nós fomos eleitos dentro de um parlamento para cumprir o nosso papel dentro deste parlamento. A própria Constituição fala da independência de poderes e da harmonia de poderes. Cada vez mais nosso parlamento tem se mostrado de pé e forte. Essa instituição é independente, é harmônica e forte”, diz.

Priscila (Republicanos): “O Parlamento é como irmãos. Irmãos a gente briga, discute, mas fala mal de um irmão nosso para ver o que a gente vira, uma fera. E quando o Parlamento se une, quando há união, não tem pra ninguém. Então, nós precisamos mostrar para as pessoas que para estar aqui tem que ter voto. Tem que ser muito mulher, muito homem e que nós não vamos aceitar nenhum tipo de represália e ameaça”, diz.

Ronaldo Onishi (SD): Venho dizer em defesa deste parlamento. Estamos em época pré-eleitoral. Há um ano das eleições que ocorrerão ano que vem. Este Parlamento é forte e não permitiremos, em hipótese alguma, ataques contra qualquer vereador. Seja de oposição ou seja situação, vereadores esses que foram ungidos pelas urnas popular, não vamos permitir que pessoas, não sabemos com qual interesse, ataque esse parlamento de forma covarde.

Carlinhos do Leme (PSDB): Eu defendo essa casa. Injustiça eu não aceito nunca. Eu prefiro morrer do que passar por covarde. Alguns atos são de covardia, a coisa que mais me incomoda é covardia. Traição eu não aceito. […] Quando voltamos para o Governo, acredito que tudo que tinha de probleminha deve ter sido resolvido, pelo menos da minha parte. Só para deixar claro, faço parte de um governo que eu ajudei. […] Vi uma frase em uma tatuagem e que fico refletindo “Se queres a paz, se prepare para a guerra”.

Érica Franquini (PSDB): “O parlamento cresce a cada dia e devemos realmente nos unir e dizer que essa vereadora está a disposição. Não gosto de injustiça. Se for Justiça e legal, tudo bem. Estou a disposição do parlamento, muito obrigada a todos. A fala de vocês foi muito importante. O parlamento precisa realmente se unir porque nós já vimos coisas acontecerem aqui, terríveis e injustas, que até hoje pagam por isso. E nós não podemos deixar que isso aconteça novamente. Sabemos que várias pessoas estão querendo estar no nosso lugar, sentar na nossa cadeira. […] Eu aceito perder as eleições no voto, mas no tapetão, não”, diz.

Professor Moreira (PSD): “É importante salientar essa força, essa união as lutas dessa casa para dar o melhor a essa cidade, como jamais visto anteriormente”, diz.

Johnatan Noventa (PTB): “Não podemos aceitar, de forma alguma, ataques sorrateiros contra essa instituição, contra qualquer colega vereador deste parlamento. A gente sabe que a guerra não é bom para quem está nela. Mas às vezes se faz necessário guerrear para você atingir o seu objetivo. Não existe vitória sem luta. Não existe conquista sem se guerrear. E aqui eu quero me somar com os outros colegas vereadores e dizer que sou mais um soldado nessa guerra. […] Se tiver a guerra, com certeza não irei me curvar. Não irei fugir, até porque sou filho de homem [ex-vereador e atual deputado federal Valdevan Noventa]. Meu pai nunca se curvou a nenhuma guerra então não será eu nesse momento que iria voltar para trás de maneira alguma”, diz.

Joice Silva (PTB): Essa Câmara [legislatura] veio e mostrou que, por mais novo que possamos ser, temos responsabilidade com os nossos mandatos. Embora, nem todo mundo seja perfeito, e em diversos momentos podemos divergir daquele colega, divergir daquele posicionamento, nós somos um Parlamento. Um Parlamento que define a vida das pessoas do nosso município. Um parlamento de treze vereadores que tem a responsabilidade de quase 300 mil habitantes. Um Parlamento que foi eleito pela vontade do povo. Somos um Parlamento de união.

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