Allan dos Reis, no Jardim Maria Rosa, e Adilson Oliveira, da Redação
A Câmara de Taboão da Serra teve na noite desta terça-feira, dia 2, um grande quebra-quebra durante confronto entre integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto e a Guarda Civil Municipal, que chegou a lançar gás de pimenta e atirar em reação ao protesto dos manifestantes, na última sessão antes das eleições de domingo. Dois militantes do MTST foram presos, e três ficaram feridos. Dois guardas também se machucaram.
Os vereadores discutiam projeto de lei enviado pelo prefeito Evilásio Farias (PSB) que transformava em zonas de interesse social (Zeis), para construção de moradias populares, áreas no Parque Laguna e no Jardim Mirna, e terreno no Jardim Helena que o MTST ocupou por um ano e dois meses. Após interromperem a sessão, eles retomaram os trabalhos sem acordo para aprovação. Os cerca de 200 sem-teto, então, fizeram forte protesto.

Presidente da Câmara, Macário (PT) falou para os manifestantes se acalmarem já que não colocaria o projeto para votação em clima de insegurança. Eles começaram a forçar a grade que separa o público do plenário e quase a quebravam, quando o vereador sumariamente encerrou a sessão. Enfurecidos, os sem-teto avançaram para cima dos vereadores e foram contidos por GCMs, que usaram gás de pimenta para afastar os militantes.
A sessão se transformou em verdadeiro campo de batalha, em que os sem-teto quebraram tudo pela frente, entre cadeiras, lâmpadas e outros objetos que ficaram espalhados pelo chão. Os militantes foram forçados a sair pela Guarda, que já do lado de fora deu ao menos dez tiros aparentemente para o alto e desfez o tumulto. Um sem-teto estava com a boca sangrando. O líder do MTST Guilherme Boulos estava à frente do grupo.

Macário disse que tinha sido avisado de que a discussão da mudança do zoneamento acabaria em quebra-quebra na Câmara e acusou Paulo Félix (PMDB), com quem discutira para limitar a entrada de sem-teto e evitar superlotação, de incentivar a ação. “Me admira o Paulo Félix incentivar o que aconteceu aqui. O vereador se excedeu e vai pagar por isso”, disse, ao citar que Félix jogou o microfone na mesa e acirrou os ânimos.
Félix rebateu a acusação. “A sessão estava normal. A ação intempestiva [do presidente] de encerrar a sessão ocasionou isso”, disse o vereador, que liderou a obtenção de oito assinaturas para votação do projeto em regime de urgência, mas eram necessárias nove. Macário e um grupo de vereadores foram ao 1º Distrito Policial para registrar boletim de ocorrência. Aos menos dez GCMs estavam na sessão, alguns não fardados.