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Opinião: RELACIONAMENTOS ABUSIVOS – A violência na contemporaneidade

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Por Poliana Ramos*

Ultimamente, devido aos acontecimentos envolvendo relacionamentos dentro de reality Shows, muitas questões a respeito sobre o que caracteriza um relacionamento como abusivo tem sido levantada pelos milhões de brasileiros que acompanham as pessoas em confinamento.

Até 9 de março de 2021, ao menos 641 milhões de mulheres declararam ter vivenciado algum tipo de violência dentro de suas relações amorosas, podendo chegar a 736 milhões ao não considerar somente o parceiro, segundo Organização Mundial da Saúde (OMS).

O que efetivamente é uma relação abusiva? Para entender o que caracteriza uma relação abusiva, é preciso entender quais os tipos de violência, como identificá-los e quais suas consequências. Sendo a violência um termo que vai além dos atos físicos, nem sempre se torna uma tarefa fácil identifica-la em uma relação, podendo ser classificada em física, psicológica, doméstica, social, moral, econômica e sexual, também definida pela Organização das Nações Unidas (1993) como:

Qualquer ato violento que tem sua justificativa no gênero e que provoque ou tenha possibilidade de provocar, danos físicos, sexuais e/ ou psicológicos, incluindo a ameaça, a coerção ou privação de liberdade em ambiente privado ou público.

É necessário sempre estarmos atentos a sinais e comportamentos que indiquem uma dinâmica de superioridade por alguma das partes, onde aquele que se encontra no papel de agressor, na maioria das vezes, usará de estratégias persuasivas e – por vezes – manipulativas para induzir o indivíduo no papel da vítima a aderir seu ponto de vista como o correto e fazendo a pessoa manipulada a acreditar que só estará certa, se o agressor concordar.

Psicóloga Poliana Ramos escreve sobre relacionamentos abusivos. (Foto: Divulgação)

Logicamente um relacionamento envolto em manipulações e abusos não começa com essa dinâmica, se iniciando em pequenas atitudes e gestos do agressor, como perguntar com tons de deboche sobre as roupas a serem usadas (principalmente onde a mulher é a vítima considerando um relacionamento heterossexual), interromper o diálogo em diversos momentos sejam em discussões privadas (somente o casal) ou públicas em conversas com outras pessoas além do casal (a ponto da vítima não conseguir expressar sua opinião), em discussões nunca reconhecer equívocos ou erros, ameaças (términos, humilhações, agressões físicas), chantagens, etc.

Dentre as catastróficas consequências em vivenciar a violência (principalmente física) dentro de um relacionamento, por via de regras temos a ansiedade e preocupações persistentes permeando a rotina das vítimas, não é incomum o desenvolvimento de transtornos como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) ou até mesmo ataques de pânico, ao se deparar com o medo constante em reviver as situações de abuso, se isolando e tendo prejuízos significativos em futuras relações (MAGALHÃES et al., 2022).

É imprescindível um acompanhamento profissional para vítimas de violência em relacionamentos abusivos, ao identificar alguns dos pontos acima citados e ter sentimentos de medo e ansiedades constantes, procure por ajuda especializada.

REFERÊNCIAS:

Devastadoramente generalizada: 1 em cada 3 mulheres em todo o mundo sofre violência. OPAS, 2021. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/9-3-2021- devastadoramente-generalizada-1-em-cada-3-mulheres-em-todo-mundo-sofreviolencia. Acesso em: 30 jan. 2023.

MAGALHÃES, Raphaella et al. Relacionamentos abusivos à luz da terapia dos esquemas: uma revisão sistemática. Research, Society and Development, v.11, n.14, e291111436131, 2022. Disponível em: Abusive relationships in the light of scheme therapy: a systematic review | Research, Society and Development (rsdjournal.org) Acesso em: 30 jan. 2023.

 * Poliana Ramos Lucena da Silva é psicóloga na Clínica Figueiredo & Lima – CRP 06/167391

*O artigo não reflete, obrigatoriamente, a opinião do Taboão em Foco.

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