loader-image
temperature icon 26°C

Sem competência jurídica e com erros primários, Câmara abre ‘CPI’ para investigar mortes por falta de UTI

Pedido de CPI cheio de irregularidades apresentado na Câmara Municipal

Compartilhar notícia

Por Allan dos Reis, na redaçãoatualizado às 15h25 – inclusão da resposta do vereador

Com nove assinaturas e diversos erros jurídicos, a Câmara de Taboão da Serra aprovou nesta terça-feira (23) o pedido de abertura de uma CPI contra a empresa SPDM, responsável pelo CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), do Governo do Estado.

Nesses dois pontos há dois erros primordiais, que demonstram a falta de consulta jurídica. Primeiro, Câmara Municipal não cria CPI. Ela tem poder para criar uma CEI (Comissão Especial de Inquérito), que é apenas semelhante, mas não é CPI.

Outro ponto, e mais crítico no pedido de ‘CPI’ é que os vereadores não tem competência jurídica para investigar algo que não seja responsabilidade do município. É o que diz o desatualizado Regimento Interno da Câmara, em seu artigo 64, no trecho que trata de CEI. “Destinar-se-ão a examinar irregularidade ou fato determinado que se inclua na competência municipal”, diz trecho.

O Taboão em Foco conversou com alguns advogados especialistas em direito político e a conclusão é a mesma. “Está tudo errado”, dizem. “Mostra que os vereadores não tiveram qualquer assessoria jurídica. E isso vai gerar frustração na população porque não vai servir para nada”, diz outro consultado.  

O autor da proposta, vereador André Egydio (Pode) já havia ameaçado no início do ano propor uma ‘CPI’ contra a SPDM, que também é responsável por gerir os prontos socorros municipais (UPA, Antena e PS Infantil). A ideia não avançou e gerou até uma reunião tensa entre vereadores, o prefeito Aprígio e outros conselheiros.

Quando apresentado o requerimento, ele tinha apenas seis assinaturas, mas ganhou outras três assim que o documento foi recebido pela presidência. O presidente Carlinhos do Leme (PSDB), deve instaurar oficialmente a ‘CPI’ na próxima sessão.

Documento com erros primários para criação de CPI para investigar mortes por falta de leitos de UTI

Pouco Caso

A SPDM, empresa faz o gerenciamento dos prontos socorros de Taboão da Serra, é alvo de críticas constantes dos vereadores. Em parte porque nunca deu importância ao trabalho do legislativo e – sempre que possível – ignorava as ações da Câmara, como as audiências públicas de saúde.

Outro Lado

O vereador André Egydio (Pode) conversou com o Taboão em Foco na tarde quarta, e defendeu a legalidade do documento criando a ‘CPI’. Ele prometeu consultar novamente seu departamento jurídico e se necessário, reapresentar o pedido de investigação na próxima sessão. “Nada invalida a nossa CEI”.

Sobre o objeto a ser investigado, ele faz uma ponderação. “Não estou investigando a CROSS [que é responsabilidade do Estado e o vereador não tem competência jurídica], estou investigando 11 mortes na UPA Dr. Akira Tada”, pronto atendimento municipal administrado pela SPDM, empresa que também é responsável pelo Cross.

Ele pondera que os diretores da organização social devem estar preocupados em barrar a comissão porque muitas vezes as investigações “começam azul e terminam vermelho”.

Veja também