Direto da redação
O número de casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas chegou a 225 em todo o país, segundo dados atualizados do Ministério da Saúde. A Grande São Paulo concentra a maioria das notificações, e três cidades da região — Itapecerica da Serra, Taboão da Serra e Embu das Artes — aparecem no levantamento com registros de suspeita e confirmação.
Em Itapecerica da Serra, as autoridades de saúde confirmaram um caso da doença. O paciente teria ingerido uma bebida destilada adulterada, e o quadro segue em acompanhamento. O município é, até o momento, o único da região com confirmação.
Já em Taboão da Serra e Embu das Artes, há casos sob investigação que estão sendo analisados pelos laboratórios do Estado. A Secretaria de Saúde informou que o monitoramento é feito pelo Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde (CIEVS), que centraliza as notificações em todo o país.
O metanol é uma substância altamente tóxica usada na indústria química e, quando ingerida, pode causar cegueira, coma e até morte. O grande perigo é que ele não altera o gosto, o cheiro ou a cor da bebida, dificultando a identificação do produto adulterado.
O estado de São Paulo reúne 192 das 225 notificações registradas no Brasil, o equivalente a 85% de todos os casos. Desse total, 14 foram confirmados, incluindo duas mortes, e 178 seguem em investigação.
Para conter o avanço das intoxicações, o Ministério da Saúde reforçou o estoque de antídotos no SUS. Foram adquiridas 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol, medicamento considerado o padrão-ouro no tratamento de envenenamentos por metanol.
Os sintomas costumam surgir nas primeiras horas após o consumo e podem ser confundidos com os de uma ressaca comum, como náusea, tontura e dor de cabeça. Em seguida, o organismo transforma o metanol em substâncias ainda mais tóxicas, que atacam o sistema nervoso e o nervo óptico, provocando visão borrada, falta de ar e fraqueza intensa. Médicos alertam que o atendimento imediato é essencial para evitar sequelas graves.
As autoridades recomendam que a população desconfie de bebidas muito baratas, compre apenas em locais conhecidos e com nota fiscal, verifique lacres e selos fiscais e evite produtos de procedência duvidosa. A Abrasel também orienta que garrafas de destilados sejam inutilizadas após o consumo para impedir o reaproveitamento por falsificadores.
As investigações apontam que fábricas clandestinas estariam utilizando metanol para higienizar garrafas falsificadas antes de envasar as bebidas adulteradas. Mais de mil garrafas já foram apreendidas pela Polícia Civil, em ações conjuntas com a Vigilância Sanitária.
Os municípios de Taboão da Serra, Embu das Artes e Itapecerica da Serra seguem em alerta. Qualquer suspeita de bebida adulterada pode ser denunciada de forma anônima pelo Disque Denúncia 181, no site da Polícia Civil (www.webdenuncia.sp.gov.br) ou diretamente ao Procon-SP, pelo Disque 151 e site www.procon.sp.gov.br.