Por Allan dos Reis, no Parque Pinheiros
No mês da Consciência Negra, a Subseção de Taboão da Serra da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Taboão) trouxe a discussão sobre racismo na infância em palestras realizadas na noite desta segunda-feira (7) na sede da Taboão Prev.
Doutora em educação, a escritora Kiusam Oliveira falou sobre os preconceitos que teve que lutar na infância e como seus livros de literatura infantil auxiliam as crianças a lutarem contra o racismo. “A literatura é uma possibilidade de preparar as crianças Pretas e não Pretas” para combater o racismo.
Ela cita como exemplo que os meninos negros perdem sua identidade assim que entram na escola, ganhando apelidos pejorativos. “Eu ajudo crianças a combaterem o racismo. Não tem contos de fadas europeu”, reforça.
“Precisamos falar disto porque o racismo começa na escola, quando você descobre que é negro. Quando o colega se recusa a sentar do seu lado, quando o colega não quer brincar com você. […] É muito importante a OAB como instituição importante, trazer esse tema para sociedade. Por isso estou muito feliz”, diz Andreia de Jesus Monteiro, secretária adjunta da OAB Taboão.
EXPERIÊNCIA NO SAICA
A outra palestra foi da assistente social e coordenadora do Saica (Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes) de Taboão da Serra, Bel Damasceno, que dividiu suas experiências e evidências de racismo com as crianças tiradas do convívio familiar.
“A dificuldade de adoção para uma criança negra, demora [mais que as brancas]”, revela. “Se a gente fizesse garantia de direito de fato, muitas crianças que estão no abrigo estariam com suas famílias”, diz Bel.
Ela reforçou a necessidade de participação maior de entidades como a OAB. “Muito mais que levar presente a uma criança no abrigo, é fazer a garantia de direitos”, diz.
O presidente da OAB Taboão da Serra, Moacir Tertulino da Silva, reforçou que “advocacia sem estar pautada em Direitos Humanos, não é uma advocacia verdadeira”, afirma.